sábado, 29 de maio de 2021

Nacional derruba o Noroeste e sai na frente nas quartas da A3

Texto e fotos: Fernando Martinez


Na tarde de sexta-feira o início das quartas de final do Campeonato Paulista da Série A3 pediu passagem no blog. Assim como em 2020, o Estádio Nicolau Alayon recebeu o encontro de ida entre o oitavo e o primeiro colocados: Nacional x Noroeste. A sexta vez que as agremiações ferroviárias se enfrentam desde fevereiro do ano passado, a quarta com cobertura do JP, três delas em durante a pandemia.

Os paulistanos fizeram uma campanha bastante instável: sete vitórias, sete derrotas e um empate. Além disso somou 13 pontos longe da capital (mesmo com uma partida a menos) e nove na Comendador Souza. A vaga veio no sufoco após brilhante atuação na etapa final contra o Bandeirante na terça-feira. Iniciando a segunda fase, o glorioso escrete nacionalista precisaria derrotar seu adversário e quebrar uma série de marcas.

O Norusca foi o líder da fase inicial simplesmente sem perder atuando longe do Alfredo de Castilho. Foram sete jogos com cinco vitórias (uma delas o 2x1 contra o próprio Nacional) e dois empates. Além disso fez pelo menos um gol em todos estes compromissos. Isso sem contar, claro, a velha freguesia através da história. Nos 29 confrontos, o alvirrubro saiu de campo vencedor em dezesseis oportunidades e foi derrotado em apenas três (!): em 1958, 1959 e 2016. Com a vantagem de dois empates garantida ao onze interiorano, o Naça precisava de uma quarta vitória a todo custo.


Times perfilados para o Hino Nacional Brasileiro

Fez calor na tarde de sexta e quando cheguei na Comendador Souza vi que a velha cancha receberia um bom público outra vez. Estranho dizer isso no meio de uma pandemia e com a proibição de torcida, porém é a verdade. Um grande número de credenciados – contei cerca de 40 pessoas - ocupou a parte coberta do Alayon. A FPF autoriza, ótimo, mas é fato que ver tanta gente junta não deixa a melhor impressão. Sei que eu garanti meu lugar na cabine e lá fiquei até o último trilar do apito.

Imaginava que o jogo seria difícil para a equipe da casa e que o Noroeste, atuando com a dupla Richarlyson e Alecsandro, seria uma missão complicadíssima. O que eu sinceramente não esperava era que estava prestes a assistir a melhor atuação nacionalista nos últimos anos, pelo menos desde 2018. O tricolor da Barra Funda foi preciso e não deu nenhuma chance aos visitantes. Sim, o Noroeste entrou em campo bastante nervoso e seus principais nomes não renderam, mesmo assim, a atuação paulistana foi digna de almanaque.

Wallace arriscou duas finalizações antes dos dez minutos e Wendell Péricles - um dos nomes mais geniais que já vi na vida - defendeu com tranquilidade. Aos 12, Rafael espalmou pela linha de fundo chute traiçoeiro de Richarlyson. Aos 15, boa cabeçada de Gustavo França. Messias, aos 20, avançou pela direita, cruzou e a zaga desviou na hora H. Enquanto o Nacional atacava, o Noroeste estava desesperado além da conta, como se precisasse de um gol e o duelo já estivesse nos acréscimos. Não parecia que o melhor time da fase inicial estava jogando.

Aos 24, os atletas e a massa que estava na parte coberta pediu pênalti quando um dos zagueiros noroestinos tocou com a mão na bola dentro da área. Como não foi intencional, a peleja seguiu normalmente. Dois minutos depois, Mendes recebeu na intermediária e chutou. O tiro saiu fraco, mascado e a defesa não seria difícil. Acontece que o camisa 12 caiu meio mole, e o morrinho artilheiro fez sua parte. A finalização morreu no canto esquerdo... um daqueles frangos clássicos! Nem bem a ação recomeçou e, confirmando o nervosismo, Richarlyson deu um tranco desnecessário em um dos gandulas e tomou o amarelo. Uma apelada monstra, tentando ganhar o juizão no grito.

Antes do intervalo chegar, na única chance real do alvirrubro, Pedro Felipe atacou pela esquerda e foi derrubado dentro da área. Na minha visão, pênalti não marcado pela arbitragem. Conferindo no VT, tive a mesma impressão. Foi com esse lance que a etapa inicial terminou. O triunfo parcial do Nacional deixou a rapaziada que ocupava a parte coberta em êxtase.


Wallace, camisa 11 do Nacional, chutando pela direita


Zaga noroestina afastando o perigo de dentro da área




O Nacional atacou bastante e tomou conta do primeiro tempo


A bola no fundo da rede do Noroeste após a enorme falha de Wendell Péricles, goleiro com um dos nomes mais legais que já vi


Atletas assustados em lance pela direita do ataque paulistano

Quando a ação recomeçou, o Noroeste buscou mudar a postura e emplacar aquela pressão marota, cheia de graça e de boa vontade. Richarlyson cabeceou com relativo perigo aos cinco três e Blade, o inesquecível caçador de vampiros da Marvel, arriscou de longe aos cinco. E só. Na sequência Wallace dividiu com Wendell Péricles e a pelota sobrou para Éder Paulista. O arqueiro fez uma defesa à queima-roupa e impediu que o grande goleador do torneio tivesse sucesso.

Os paulistanos se defendiam com propriedade e todas as investidas dos bauruenses eram repelidas com sucesso. Sem conseguir entrar na área local, Thiago e Richarlyson tentaram o empate em tiros de longe. Jogando na boa, os ferroviários acertaram um contra-ataque espetacular aos 24. César percorreu todo o campo de defesa e lançou Éder Paulista. O camisa 9 deu um toquinho repleto de categoria e fez seu 13º gol na Série A3 de 2021, disparando na artilharia.

O Noroeste sentiu o 2x0 e deixou o seu setor defensivo completamente desguarnecido. Sem chegar perto de fazer o gol de honra, o Norusca correu riscos reais de sofrer uma derrota mais elástica. Emerson Mi e Paolo por muito pouco não ampliaram. Aos 37 minutos a zaga noroestina fez um belíssimo gol contra, porém o árbitro anulou alegando falta no zagueiro. O problema é que o lance foi limpo, sem infração alguma. Se o alvirrubro não teve um penal anotado a seu favor, agora foi a vez do Nacional ser prejudicado. Será que foi um exemplo da famosa lei da compensação?


Pedro Felipe (11) em ataque do alvirrubro no começo do tempo final


Num belíssimo passe de César, Éder Paulista fez seu 13º gol na Série A3, o segundo do Nacional



Dois escanteios a favor dos bauruenses na busca pelo mens do gol de honra


Placar final do jogo na Comendador Souza: apenas a quarta vitória nacionalista contra o alvirrubro de Bauru em todos os tempos

Sem conseguir produzir perigo real, ao término do tempo regulamentar o resultado se confirmou em Nacional 2-0 Noroeste. Um triunfo maiúsculo do clube da capital, o quarto na história. Na volta poderão perder por um gol de diferença que estarão na penúltima fase. Ao vermelho e branco de Bauru, resta vencer por dois. Vale lembrar que os ferroviários foram às redes em 15 dos 16 compromissos na A3 e possuem o segundo melhor ataque das três divisões do Paulistão, atrás apenas do campeão São Paulo.

Saindo do estádio fui cumprir uma missão que estava esperando desde 2017. Finalmente ter em mãos uma aguardada obra-prima que contou com minha pesquisa. Olha, poder folhear essa verdadeira Bíblia foi bem emocionante. Em breve vai rolar o lançamento oficial e farei questão de escrever a respeito.

Até a próxima!

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Ficha Técnica: Nacional 2x0 Noroeste

Local: Estádio Nicolau Alayon (São Paulo); Árbitro: Rodrigo Gomes Domingues; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Messias, Wallace, Richarlyson, Luizão, Leléco, John Egito, Paulo Tognasini (PG-Na); Gols: Mendes 25 do 1º, Éder Paulista 24 do 2º.
Nacional: Rafael; Messias, Everton, Gustavo França e César; Reinaldo, Guilherme Lobo (Emerson Mi), Brener (Guilherme Nascimento) e Mendes; Éder Paulista (Vinícius) e Wallace (Paolo). Técnico: Ricardo Silva.
Noroeste: Wendell Péricles; Blade, Guilherme Teixeira, Maycon e Bruno Recife; Jonatas Paulista, Rogério Maranhão (Thiago), Yamada (John Egito) e Richarlyson (Euller); Pedro Felipe e Alecsandro (Leléco). Técnico: Luiz Carlos Martins.
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