terça-feira, 16 de março de 2021

Nacional volta a vencer na A3 mantendo tabu contra o Rio Preto

Texto e fotos: Fernando Martinez


Na tarde de sábado fiz a minha última cobertura futebolística antes de nova paralisação dos torneios da FPF em virtude da pandemia. Fui até o Estádio Nicolau Alayon assistir um duelo bem comum nas divisões de acesso do estadual dos anos 90 até hoje: Nacional x Rio Preto. Foi a quinta vez que assisti esse jogo, o terceiro pelo Campeonato Paulista da Série A3.

Já pesquisei bastante sobre o antigo SPR e nos seus 102 anos de existência ele tem mais derrotas do que vitórias. Além disso, o retrospecto com boa parte dos adversários que enfrentou na história é negativo. Uma das raras agremiações que possui uma performance ruim contra o time da Barra Funda é justamente o Jacaré. Nos 26 confrontos, 11 triunfos paulistanos, seis do alviverde e nove empates.

Agora, a marca mais relevante é o longo tabu a favor do Nacional. Desde que foi derrotado por 3x1 em 28 de junho de 1998, também pela A3, o Naça soma dez partidas sem perder, incluída aí uma série incrível de oito vitórias seguidas. Nenhuma equipe foi derrotada tantas vezes consecutivas pelo clube da Zona Oeste. Na sequência temos os sete triunfos contra o São Bernardo entre 1988 e 2010 e contra o Taubaté de 1966 a 1976.


Nacional e Rio Preto entrando no gramado do Nicolau Alayon

Vindo de uma derrota contra o Desportivo Brasil em tarde que poucas coisas funcionaram bem, o técnico Ricardo Silva fez algumas mudanças precisando voltar a vencer (e ampliar a marca histórica). O Rio Preto estava invicto e buscava pelo menos um ponto. Da minha parte, o destaque ficou por conta que fui convocado a ser o locutor da cancha já que o titular da pasta não estava presente. Ano passado trabalhei na Segundona, agora na A3. Logo serei chamado em campeonatos de divisões maiores. Uma coisa é certa: Nunca as escalações foram cantadas de forma tão especial quanto sábado.

Das cabines da Comendador Souza vi os donos da casa abrirem o placar logo aos dois minutos, algo incomum na história nacionalista. Após bate-rebate, a bola sobrou na esquerda para Brener. Ele cruzou e Nino, zagueiro rio-pretense, se antecipou a Éder Paulista e fez contra. A partir daí os visitantes dominaram totalmente as ações e encurralaram os locais.

Aí brilhou a estrela de Rafael Vianna. Foi a estreia do arqueiro com a camisa alvi-azul depois de muitos anos sendo reserva de André Dias no Juventus. O camisa 1 ganhou a posição de Matheus Poletine e mostrou serviço fazendo várias defesas sensacionais. Aos 21 ele fez defesa em finalização à queima-roupa de Thiaguinho. Aos 29, bela intervenção em tiro de fora da área de Ataliba. Nos acréscimos, o mesmo Ataliba bateu falta e o goleiro fez milagre de mão trocada.







No primeiro tempo o Nacional fez o gol e parou. O Rio Preto atacou muito e criou várias chances para o empate

O domínio do Glorioso continuou nos primeiros minutos da etapa final. Luan teve uma chance de ouro aos seis, mas resolveu dar um drible extra e estragou a jogada. No minuto seguinte, eu presenciei o gol perdido mais bisonho em toda minha vida de estádios. A zaga do Rio Preto recuou a pelota até Lúcio. Ele dividiu com Wal e perdeu o domínio. Paolo, que entrou no intervalo, recebeu o maior presente de sua vida. Ele poderia ter tocado com o gol aberto, só que esperou o arqueiro se recuperar, driblou de novo e, novamente com a meta aberta, mandou por cima. O camisa 17 conseguiu perder um gol três vezes. Esse até eu faria.

Aos 23 Jé arrancou pela direita e de novo Rafael Vianna apareceu bem. Falei com o pessoal que estava próximo nos minutos seguintes que o Rio Preto tinha atacado com tanta fúria que certamente o físico não ia aguentar. Dito e feito. O pessoal arriou e o Nacional conseguiu voltar ao jogo. Aos 28, em investida sensacional de Éverton Dias pela direita, ele avançou e cruzou na cabeça de Éder Paulista. Aos 31, Paolo teve a oportunidade do terceiro e desperdiçou.

O Jacaré conseguiu marcar aos 36 quando teve um pênalti a seu favor quando Wellinton Gigante meteu a mão na bola dentro da área. Jé bateu bem e diminuiu. A reação foi fugaz e o Nacional permaneceu todo no campo de ataque. Wallace saiu cara-a-cara com Lúcio aos 38 e bateu em cima do goleiro. Paolo finalizou pela linha de fundo aos 42. Aos 47 Wallace, um dos destaques locais, foi derrubado na área. Mendes cobrou a penalidade com perfeição e fechou a fatura.


Detalhe do gol mais perdido que vi em estádios. Paolo simplesmente desperdiçou três chances no mesmo lance


O contraste dos uniformes de Nacional e Rio Preto


O cruzamento de Éverton Dias que gerou o segundo gol nacionalista


Detalhe do pênalti infantil cometido por Wellinton Gigante aos 35 minutos


Bola estufando a rede local na cobrança de Jé


Nos acréscimos, o Nacional confirmou sua vitória com um pênalti bem cobrado por Mendes

O Nacional 3-1 Rio Preto foi uma peleja melhor do que 90% do que vemos na Série A1 e do que vimos em boa parte dos da reta final das maiores competições de 2020. Fato. Foram 90 minutos super agradáveis, com lances de perigo, emoção e muitas alternativas. Os ferroviários foram do sétimo ao terceiro lugar e os rio-pretenses caíram do sexto ao nono. Além disso, agora são nove as vitórias seguidas do Naça em cima do alviverde de São José do Rio Preto.

Sem saber quando estarei de novo num campo de futebol, fiz o caminho de volta pensando com os meus botões e refletindo sobre o enorme absurdo que estamos vivendo. Uma pessoa que consiga juntar frases simples e somar dois mais dois sabe que a condução da pandemia por parte de boa parte dos governantes foi criminosa. Uns dão risada e praticam a política da morte, outros só falam e tomam medidas ineficazes. Assim fica difícil a gente se sair bem.

Com a (nova) interrupção do futebol no estado não temos como saber quais são os próximos passos ou as próximas coberturas. O que esperamos é que todos se cuidem, façam a sua parte e não deem ouvidos a boçais que não sabem agir como seres humanos. Fico na torcida para que alguma luz ilumine o caminho de quem toma as decisões (apesar de achar impossível).

Até a próxima!

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Ficha Técnica: Nacional 3x1 Rio Preto

Local: Estádio Nicolau Alayon (São Paulo); Árbitro: Rodrigo Pires de Oliveira; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Gustavo França, Mendes, Mendes, Lúcio, Jé, Nino, Iago Pereira, Bruno Miguel, Ataliba; Cartões vermelhos: Mendes e Jé 51 do 2º; Gols: Nino (contra) 2 do 1º, Éder Paulista 28, Jé (pênalti) 36 e Mendes (pênalti) 47 do 2º.
Nacional: Rafael Vianna; Wellinton Gigante, Éverton Dias, Gustavo França e César; Bruno Cruz (Matheus Costa), Guilherme Lobo (Reinaldo), Brener (Paolo) e Mendes; Éder Paulista (Wallace) e Wal (Diego Chiclete). Técnico: Ricardo Silva.
Rio Preto: Lúcio; Iago Pereira, Nino, Bruno Miguel e Luciano Souza; Beto (Jé), Gabriel Tota, Moisés (Renan Morales) e Ataliba; Leandro Love (Luan) e Thiaguinho (Teteu). Técnico: Ivan Canela.
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