Texto e fotos: Fernando Martinez
Após a rodada dupla matutina no Sábado de Aleluia, viramos a chave para acompanhar a jornada mais importante do Campeonato Paulista da Série A4 em 2025. Sim, ainda haverá a definição do título, mas não há dúvida de que o momento mais esperado da temporada é a definição dos dois acessos. Acredito que os amigos que leem esta matéria conseguem imaginar a alegria que tive ao saber que seria possível cobrir de perto as duas partidas decisivas, começando por União Barbarense x Araçatuba.
Saí de Itatiba na companhia do quarteto de amigos presentes na caravana da coragem — Caio, Pucci, Nilton e Renato — e seguimos direto para Santa Bárbara d’Oeste, palco do terceiro jogo do dia. Chegamos cerca de uma hora antes do apito inicial e a região já estava tomada por um bom número de torcedores. Fizemos uma boquinha e, sem demora, pegamos o caminho do Estádio Antônio Guimarães.
Jogo no Antônio Guimarães precisa de foto na fachada do estádio, uma das mais legais do interior
Criançada junto com os jogadores locais na entrada no gramado
Visão da parte coberta do estádio do União Barbarense
A casa do Leão da 13 é um dos estádios mais singulares do interior paulista. Inaugurado no longínquo 1921, ele foi leiloado exatamente um século depois, e seu destino segue indefinido até hoje. O União ficou fora do futebol em 2021 e 2022, muito por conta de problemas jurídicos relacionados ao campo, mas retomou o rumo em 2023. Foi bem na Segundona daquele ano, seguiu firme quando ela virou Série A4 em 2024 e, em 2025 liderou com folga a fase inicial, eliminando o Colorado nas quartas.
Na semi, enfrentou o Araçatuba, que também pode ser considerado uma fênix do futebol paulista. Após dois rebaixamentos consecutivos em 2006 e 2007, com campanhas sem nenhuma vitória, o AEA esteve na última divisão em 2012, 2013, 2016 e 2020. Voltou em 2024 e fez grande campanha, sendo eliminado pelo Colorado na disputa pelo acesso. Foi alçado à A4 após o remanejamento de vagas em aberto. Classificou-se em sétimo e eliminou o favorito Taquaritinga. No jogo de ida, venceu o União em casa por 3 a 2 e chegou a Santa Bárbara precisando apenas de um empate.

União Agrícola Barbarense Futebol Clube - Santa Bárbara D'Oeste/SP

Associação Esportiva Araçatuba - Araçatuba/SP
Nos jogos decisivos, rola um quinteto de arbitragem. Aqui, o árbitro Rafael Gomes Félix da Silva, os assistentes Risser Jarussi Corrêa e José Lucas Cândido de Souza, o quarto árbitro Ricardo Bittencourt da Silva e o quinto árbitro Ricardo Luís Buzzi. Além deles, os capitães dos times
De todos os jogos que vi do União em casa — desde a derrota contra o São Cristóvão na Copa João Havelange de 2000 até o 2 a 0 sofrido diante do Guarani em 2014, passando pela vitória contra o Limoeiro no quadrangular final da Série C de 2004 — o confronto de sábado foi o de maior público. A atmosfera estava sensacional, digna de uma partida valendo acesso.
Precisando de uma vitória simples, o União iniciou a peleja empurrado pelas arquibancadas e, logo aos três minutos, retomou a vantagem com o gol de Nathan Índio. Ele ficou com a sobra e acertou um belíssimo chute de fora da área. A festa foi enorme e o Araçatuba sentiu o golpe. Messias, em outra boa finalização, ampliou o placar aos 10. Do meu banquinho, senti que a fatura estava liquidada.
O clube amarelo e azul ainda tentou esboçar uma reação, porém não assustou. Foi para cima meio sem organização e deixou espaços no campo de defesa. Aos 27, em um contra-ataque de almanaque, Mastherson recebeu, avançou e mandou no ângulo direito de Guedes. Uma pintura que colocou o Leão da 13 na Série A3 em 2026. Ninguém, nem o mais ferrenho torcedor do AEA, acreditava numa virada.

O belíssimo chute de Nathan Índio, que abriu a goleada do Leão da 13
Dois momentos da comemoração de Messias no segundo gol do União Barbarense

Um golpe de kung-fu na lateral direita do ataque local. O Araçatuba estava grogue em campo
Mastherson chutando e o goleiro Guedes apenas vendo a bola entrar no seu ângulo direito
Ele ganhou o amarelo pela comemoração, mas a foto de Mastherson com a bandeirinha de escanteio ficou legal demais
No intervalo, o clima esquentou. O mascote do União foi fazer graça em frente ao setor visitante, bobagem que rendeu uma merecida expulsão e até um tabefe de um integrante da diretoria adversária. No alambrado, perto da ambulância, um diretor local também provocou os torcedores do Araçatuba e a coisa ficou feia. Teve até gás de pimenta vindo em cima de mim. Registro aqui a completa inoperância da PM de Santa Bárbara d’Oeste, que deixou as torcidas quase se encontrarem. Qualquer novato sabia que havia grande chance de confusão, especialmente pelo que aconteceu no jogo de ida.
O Canário da Noroeste demorou a voltar ao gramado alegando falta de segurança, mas acabou convencido, e a segunda etapa começou com cinco minutos de atraso. Nela, pouca coisa aconteceu. O Leão ampliou a vantagem com um gol contra de Adiel aos 16. Nos minutos restantes, o que se viu foi a espera pelo apito final, dentro e fora de campo. Depois de anos bem ruins, o União Barbarense goleou e, finalmente, estará de volta ao terceiro nível estadual em 2026, após oito anos.
O Araçatuba pouco fez depois dos 3 a 0. O sonho do acesso virou pó em Santa Bárbara D'Oeste

Placar final do massacre que levou o União de volta à Série A3
Ninguém sabe como ficará a situação do Estádio Antônio Guimarães no próximo ano. Mas o que importa é que o clube voltou com tudo e com propriedade para a A3. Coroa a melhor campanha do torneio em uma performance absolutamente irretocável. Além disso, voltará a disputar o dérbi contra o Rio Branco, um dos maiores clássicos do interior. Qualquer lista de rivalidades estaduais que não inclua Leão x Tigre não merece ser levada a sério.
Ao mesmo tempo, deixo os parabéns ao Araçatuba. Depois de tanto tempo, o AEA volta a assustar, como fez durante anos, especialmente nos anos 1990. A torcida voltou a lotar o Adhemar de Barros, algo impensável há alguns anos. Torço para que sigam assim na Copa Paulista, que começa em junho.
Saímos correndo do estádio porque o show não podia parar. Ainda tínhamos 90 quilômetros pela frente para acompanhar o segundo acesso da Série A4. E teve outro massacre... agora em Jundiaí.
Até lá!
Ficha Técnica: União Barbarense 4-0 Araçatuba
Local: Estádio Antônio Lins Ribeiro Guimarães (Santa Bárbara D'Oeste); Árbitro: Rafael Gomes Félix da Silva; Público: 4.545 pagantes; Renda: R$ 106.100,00; Cartões amarelos: Vitor Zaga, Mastherson, Pedro Lima, Mateusinho, Felipe Bortolucci, Adiel e Raphael Pereira; Gols: Nathan Índio 3, Messias 10 e Mastherson 27 do 1º, Adiel (contra) 16 do 2º.
União Barbarense: Ivo Ricardo; Mastherson, Pedro Lima, Vitor Felipe e Wesllen; Nathan Índio, Fabrício (Hebert) e Messias (Hiago Oliveira); Lucas Lotto (Danilinho), Vitor Zaga (Chicota) e Daniel (Marcos Henrique). Técnico: Raphael Pereira.
Araçatuba: Guedes; Judá, Pablo, Adiel e Gustavo Cristo (Thallyson); Moyses (Felipe Bortolucci), Kayo Bahia, André (Esdras) e Mateusinho (Luan Carioca); Léozinho (Pedro Mattar) e Gustavo. Técnico: Wallace Lemos.
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