segunda-feira, 3 de julho de 2023

Massacre do São Paulo em Mauá: 21 a 1 (!) em cima do Mauaense

Texto e fotos: Fernando Martinez


Originalmente tinha um monte de opções de jogos no sábado à tarde. Várias. Mas aí a FPF antecipou minha opção da sessão vespertina em um dia. Acabou que não teve como fugir da responsabilidade de ir até o Estádio Pedro Benedetti, em Mauá, ver o duelo entre Mauaense e São Paulo pelo Campeonato Paulista Feminino sub-17.

O confronto já estava reservado na minha agenda desde o primeiro turno. No dia 21 de maio as meninas do Tricolor derrotaram a Locomotiva pelo insólito e raríssimo placar de 20 a 0 (!) na Sede Social do Morumbi, naquele que foi o meu recorde pessoal de gols na história. Por motivos óbvios, tinha que ver o compromisso da volta entre os dois.

Depois daquela derrota, o Mauaense fez mais cinco apresentações. Claro, perdeu todos, porém tirando um 13 a 0 contra o Santos não sofreu nada parecido. Já o São Paulo conquistou três vitórias, uma delas por absurdos 18 a 0 em cima do Atlético Guaratinguetá fora de casa, e dois empates, ambos em casa contra Centro Olímpico e Santos.

Uma das coisas que deixa a gente perdido na competição é a enorme rotatividade entre as atletas. A gente vai nos estádios sem saber quem vai jogar. Por exemplo, no 2 a 0 do São Paulo em cima do Manos no feriado de Corpus Christi, o time do Morumbi estava repleto de jogadoras reservas do sub-15, escolha que refletiu na fraca atuação. Contra o Mauaense, eu não tinha a menor ideia de quem colocariam em campo. Fui junto com o Mílton nessa e eu sinceramente não esperava que as paulistanas repetissem a dose.


GE Mauaense (feminino sub-17) - Mauá/SP


São Paulo FC (feminino sub-17) - São Paulo/SP


Capitãs e quarteto de arbitragem para a partida no Pedro Benedetti

Estávamos no Parque São Jorge de manhã e saímos correndo para chegar a tempo. Acabou que perdemos o trem no Brás e o outro demorou uma eternidade. Fomos no esquema tartaruga e já em Mauá descobrimos que a passarela que leva ao outro lado da linha do trem estava fechada. O caminho até o estádio ficou longo demais, cerca de meia hora de caminhada. O amigo decano então resolveu bancar um táxi até o Benedetti, só assim para estar no horário de credenciamento.

Quando me credenciei estava sol e durante o percurso do portão de entrada até o banco de reservas o tempo mudou completamente. O céu azul deu lugar a uma forte neblina. Todo mundo que já viu uma partida lá sabe como ela cai rapidinho. Junto com isso, começou uma garoa que foi a tônica durante toda a peleja. Felizmente estava de blusa. Foi com frio que acompanhei a ação dentro de campo.

Não eram todas as titulares do São Paulo, como esperado, mas tinha a presença de Ana Beatriz, zagueira que estava na final do Brasileiro sub-20 na quarta-feira. Era uma equipe mesclada, ainda assim hiper favorita. Só que na etapa inicial o que se viu foi certa displicência, muitos erros de passe, vários impedimentos e um jogo burocrático.

O cenário não impediu que as visitantes chegassem a uma tranquila vantagem de 7 a 0 com dois gols de Icyla, um de Duda Pontes e quatro da camisa 7 Vitorinha. Um dos gols da atleta foi uma pintura. Ela recebeu na esquerda, driblou quatro zagueiras adversárias e mandou no ângulo. Pena que não há transmissão para todo mundo poder ver essa maravilha.


Icyla, camisa 9 do Tricolor, abrindo o placar em Mauá



Como esperado, só deu São Paulo na fria tarde de sábado


Bola na rede do Mauaense no quarto gol da tarde, marcado por Vitorinha


Icyla completando cruzamento da direita e anotando o quinto


Vitorinha driblando a terceira marcadora antes de fazer um golaço, o sétimo

Pena que o panorama voltou ainda pior no início do segundo tempo e o sono são-paulino estava maior do que nos primeiros 40 minutos. O Mauaense, lutando como sempre, conseguiu inclusive diminuir o placar aos cinco com um chute de longe de Thauany após jogada individual e falha da goleira Bell. A comemoração foi digna de Copa do Mundo.

Na sequência o São Paulo teve um pênalti a seu favor. O relógio mostrava 11 minutos quando Carol Zaca, camisa 5, bateu mal e a goleira Nathalia defendeu. O amigo Milton foi à loucura na arquibancada com o lance que marcou o ápice da atuação desanimadíssima do clube do Morumbi. O que ninguém esperava foi que esse acabou sendo o momento exato em que a partida se transformou.

Dos 12 aos 40 minutos o Tricolor acordou em estilo e massacrou o Mauaense sem nenhuma piedade. As meninas sub-17 da capital não deram chance alguma ao Grêmio e mostraram que, se estiverem a fim, são favoritas para levarem o título pela sexta vez em sete anos. Teve gol de longe, gol driblando a arqueira, gol contra e até um tento olímpico de Vitorinha, o 13º da tarde, algo que eu vi poucas vezes nos meus quase 40 anos em estádios.

O São Paulo chegou aos 18 a 1 aos 32 minutos com Thais. Aos 36, Vitorinha colocou seu nome na história da agremiação da zona sul da capital anotando seu nono gol. O recorde de categorias de base é de Marquinhos e seus dez gols em competição amistosa na China em 2016 pelo Mirim. Porém, ela passa ser a recordista em campeonatos oficiais. No minuto seguinte Giovana fez o 20º, igualando meu recorde de maio. Gi, camisa 24, deu números finais no último lance, fechando a assombrosa goleada.



Jogadora do São Paulo derrubada dentro da área e o pênalti de Carol Zaca defendido pela goleira Nath. O lance mudou o panorama da partida


Gi Coutinho driblando a goleira para fazer 10 a 0


Bola na rede no belíssimo gol olímpico de Vitorinha, algo que vi poucas vezes em 40 anos de estádios. Foi o 14º


Bola passando calmamente pela linha no 18º tento da tarde, aqui marcado por Thais


Fechando a absurda goleada, Gi Bet fez o 21º no último minuto

O Mauaense 1-21 São Paulo quebrou um recorde que era praticamente impossível de ser batido. Ver 22 gols em uma única partida de futebol é uma experiência incrível e diferente. No fim, as meninas de Mauá comemoraram o gol feito, não deram pontapés e nem fizeram cena. Fica aqui os aplausos e a torcida para que tenham sucesso na carreira e que não desistam dos seus sonhos. Falando da classificação, o Tricolor é o vice-líder do Grupo 1, dois pontos atrás do Centro Olímpico com um jogo a menos e 74 gols marcados em oito compromissos.

Da mesma forma que saímos da Sede Social embasbacados com o 20 a 0 do turno, eu e o Milton ficamos fora do ar após o 21 a 1. É fato que para bater essa marca será bem difícil, talvez impossível. A não ser que role um confronto tão desigual quanto esse em algum torneio feminino da FPF, é quase certo que não verei algo parecido novamente. É bem legal ver a história ser escrita.

Menos de 24 horas depois de estar em Mauá, retornei ao Pedro Benedetti com um joguinho absolutamente sensacional válido pela abertura da segunda fase da Segundona Paulista na pauta.

Até lá!

Ficha Técnica: Mauaense 1-21 São Paulo

Local: Estádio Pedro Benedetti (Mauá); Árbitra: Fernanda dos Santos Ignacio de Souza; Público e Renda: Portões abertos; Cartões amarelos: Thauany, Caroline; Gols: Icyla 3, Vitorinha 13, 14, 19, Icyla 22, Duda Pontes 27 e Vitorinha 35 do 1º, Thauany 5, Gi Bet 12, Vitorinha 13, Gi Coutinho 14, Amanda (contra) 16, Vitorinha 18, 20, 23, Thais 24, Gi Coutinho 27, 28, Thais 32, Vitorinha 36, Gi Coutinho 37 e Gi Bet 40 do 2º.
Mauaense: Nath; Beatriz (Suzana), Sibely (Isabelly), Caroline (Rebecca) e Amanda; Geovana (Evellyn), Yasmin (Giovanna), Kaylana e Luanna; Heloísa e Thaissa (Thauany). Técnico: Zezinaldo Silva.
São Paulo: Bel; Nicolle (Elis), Rapha, Ana Beatriz (Thais) e Rafinha (Marina); Carol Zaca, Vitorinha, Julia (Micheli) e Mari Oliveira (Helena); Icyla (Gi Bet) e Duda Pontes (Gi Coutinho). Técnico: Douglas Matsumoto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário