quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Oeste vence e rebaixa o Paraná Clube para a Série C em 2021

Texto e fotos: Fernando Martinez


Estamos quase em fevereiro e somente agora encerrei a complicadíssima temporada de 2020 do futebol. Cortesia da pandemia e da teimosia de dirigentes da CBF e das agremiações em não fazer torneios mais curtos em virtude de tudo que estamos passando desde o começo do ano passado. Marquei presença na Arena Barueri na despedida do Oeste atuando na sua casa no Campeonato Brasileiro da Série B contra um desesperado Paraná Clube, este correndo o risco ser rebaixado para a Série C pela primeira vez na sua história.

O onze paranista chegou na Grande São Paulo precisando vencer a todo custo e torcer por um triunfo do Botafogo de Ribeirão Preto em cima do Vitória na sequência da rodada noturna. Isso acontecendo, a decisão do rebaixamento seria adiada até o final de semana. Caso o tricolor não derrotasse o lanterna na competição, a triste queda seria confirmada. Uma situação lamentável que apenas é a ponta do iceberg de todos os problemas vividos pelos paranaenses.


Quarteto de arbitragem e capitães dos times

O antigo rubro-negro de Itápolis é odiado por nove entre dez fãs de futebol, fato. Independentemente de qualquer coisa, eu fiquei triste com o rebaixamento. A partir de 2021 ficarei sem opções de jogos na segunda divisão nacional perto de casa. Serão apenas dois paulistas no certame - Guarani e Ponte Preta - e ficar indo até Campinas ver time que já vi não rola. Perderei a chance de ver Brusque, Botafogo, Cruzeiro, Vasco da Gama, entre outros, aqui do lado. Pensando no JP, a queda foi uma tragédia.

Por tudo isso, eu não tinha como ficar de fora dessa despedida. Novamente fui credenciado com o auxílio do "amigo do JP" Luciano Claudino, o maior fotógrafo da região de Sumaré, Valinhos e Monte Mór. Assisti os 90 minutos com apenas outro fotógrafo, claro que bem longe de mim, na área reservada. Dali acompanhei a triste (e depois melancólica) missão dos visitantes.

O Paraná foi melhor do que o Oeste durante a maior parte do tempo, só que as finalizações não estavam calibradas. Na fraca etapa inicial, a rigor foram apenas duas oportunidades dignas de registro, ambas antes dos dez minutos. Bruno Lopes e depois Jean Victor perderam. O escrete local só pensou em se defender e criou somente uma (!) finalização. Nos 40 minutos restantes, futebol de baixíssima qualidade que mostrou o motivo dos dois estarem na rabeira da tabela.





O Paraná entrou em campo sob a terrível ameaça de rebaixamento. Só que na etapa inicial pouco fez para superar a meta defendida por Glauco

Sentindo que a vaca estava a caminho do brejo, o Paraná voltou ligado ao gramado e antes dos cinco minutos da etapa final teve o dom de jogar fora três precisos momentos com Kaio, Bruno Lopes e Meritão, aqui com finalização na trave. O script seguia aquele roteiro trágico que acompanha os rebaixados. Pairava no ar a quase certeza de que a noite não seria nada feliz para o Tricolor da Vila Capanema.

Os comandados de Márcio Coelho permaneceram com o último toque totalmente descalibrado. O Oeste aos poucos foi se soltando e vendo que tinha como beliscar algo a mais do que apenas um ponto. Aos 29 Pedrinho chegou a abrir o placar em tento que foi anulado pela arbitragem. Aos 32, Jean Victor cobrou falta e Glauco espalmou. Em rápido contra-ataque os paulistas assustaram aos 39 com tiro de Kalil que Renan se esticou para defender.

O 0x0 não era suficiente. Acontece que, por um capricho do destino, o clube sete vezes campeão estadual paranaense e campeão da Série B de 1992 sofreu o golpe fatal aos 44 minutos. Salazar cometeu falta na meia-lua e levou cartão amarelo. Raí Ramos cobrou a falta, a bola desviou em Karl e enganou Renan. Gol do Oeste. O gol que colocou o Paraná na terceira divisão nacional de 2021.




O Paraná voltou melhor para o tempo final, mas não transformou o domínio no gol que tanto sonhava



A cobrança de falta de Raí Ramos e a comemoração dos atletas paulista no gol da vitória contra o tricolor paranaense


A derrota rebaixou o Paraná Clube pela primeira vez para a Série C do Campeonato Brasileiro. 2021 será um ano difícil...

O Oeste 1-0 Paraná decretou o primeiro rebaixamento tricolor ao terceiro nível do nacional desde que iniciaram suas participações no Brasileiro em 1990. Naquele ano eles disputaram a Série C e conquistaram o acesso. Desde então, apenas participações espalhadas pelas duas principais divisões do país. Será um enorme choque de realidade e com tudo que está acontecendo nos bastidores, precisarão lutar muito se quiserem voltar rapidamente.

O Oeste ainda joga contra o Sampaio Correa na sexta-feira, se despedindo da Série B após oito anos consecutivos. Sinceramente não sei o que esperar do rubrão e por enquanto o choque será que, daqui a um mês, eles estarão jogando a Série A2 do estadual. Saem Cruzeiro, América Mineiro e Chapecoense como adversários e entram Monte Azul, Rio Claro e Sertãozinho, grandes baluartes do interior, mas além do poderio midiático de boa parte das equipes da segundona brasileira.


Oito anos depois de subir para a Série B, o Oeste volta à Série C. A equipe certamente terá uma missão difícil se quiser retornar

Com esse post me despeço da conturbada, triste e confusa temporada 2020 do futebol tupiniquim. Começamos ela com uma maratona inesquecível na Copa São Paulo em janeiro, uma viagem maravilhosa pelo interior no Carnaval em fevereiro e uma pequena turnê pelo Centro-Oeste em março. Um início promissor que foi interrompido pela pandemia. Como se a tristeza por estarmos vivendo esse momento surreal não bastasse, quando penso o que 2020 poderia ter sido fico ainda mais chateado. Faz parte. Resta fazer nossa parte e aguardar que tudo possa voltar ao "normal" o quanto antes apesar do insano boicote que os governantes promovem contra a população.

Até a próxima!

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Ficha Técnica: Oeste 1-0 Paraná Clube

Local: Arena Barueri (São Paulo); Árbitro: Rodrigo Carvalhaes de Miranda/RJ; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Pedrinho, Maurício, Bruno Alves, Higor Meritão, Salazar, Jean Victor; Gol: Raí Ramos 44 do 2º.
Oeste: Glauco; Raí Ramos, Victor Lisboa, Maurício e Douglas (Luanderson); Matheus Índio (De Paula), Léo Ceará (Tite), Bruno Miguel e Diogo; Bruno Alves (Kalil) e Pedrinho (Welliton). Técnico: Roberto Cavalo.
Paraná: Renan; Kaio, Salazar, Hurtado e Jean Victor; Gabriel Kazu (Gabriel Pires), Paulo Henrique (Juninho), Karl e Higor Meritão (Guilherme Biteco); Bruno Lopes (Mikael) e Thiago Alves (Andrew). Técnico: Márcio Coelho.
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