terça-feira, 8 de dezembro de 2015

JP no Chile (Parte 4 de 13): Club de Deportes Cobreloa, 13 anos depois


A rodada tripla do sábado, 17 de outubro, e as doze horas perambulando por Santiago me deixaram no bagaço. Era meio óbvio que precisava de uma bela noite de sono para poder cumprir meu cronograma no domingo. Dormi bem até demais e por muito, muito pouco, não perco a primeira partida do dia 18. Quem me salvou no último minuto da prorrogação foi o insistente alarme do celular e o toque com um clássico do Tubeway Army.

Acordei no susto com tempo apenas de escovar os dentes e vestir a primeira roupa que encontrei. Não demorei quase nada e logo já estava a caminho do Estadio Bicentenario Municipal de La Florida, casa do Audax Italiano. Mas não era jogo dos "Audinos" que iria assistir, e sim um duelo entre o Athletic Club Barnechea e um dos times mais sensacionais da América do Sul, o Club de Deportes Cobreloa. A peleja foi válida pela 10ª rodada do primeiro turno do Campeonato Nacional de Primera B 2015-2016, a segunda divisão deles.

É fato que, pelo menos para a minha geração, os Zorros do Deserto fazem parte de um seleto grupo de clubes geniais do continente, muito por conta dos vice-campeonatos continentais em 1981 e 1982, o primeiro numa decisão antológica contra o Flamengo. Fundado em 1977, o time da cidade de Calama subiu para a primeira divisão nacional logo no seu primeiro campeonato e sem sobra de dúvida marcou época dentro e fora do seu país.

Tirando os três grandes do futebol chileno (Colo-Colo, Universidad do Chile e Universidad Catolica), o Cobreloa frequentemente é considerado o "quarto" grande da terra de Pablo Neruda. Algo natural contando as oito conquistas nacionais e também as treze participações na Libertadores. Só que esse brilhante retrospecto não impediu a queda do time pela primeira vez depois da campanha ruim na temporada 2014/15.

Não é comum a equipe visitar o Brasil nos últimos tempos, mas já havia visto o time ao vivo em 14 de março de 2002, uma quinta-feira à tarde, numa derrota de 3x0 sofrida para o São Caetano na Taça Libertadores daquele ano - confronto que dificilmente acontecerá novamente. Treze anos depois, já estava na hora de ver novamente o time laranja.

Se não colocaria o onze visitante na Lista, a entrada do Barnechea era uma agradável e inesperada surpresa grantida meio de última hora. Fundado em 1929, os Huaicocheros permaneceram amadores até 1983, quando fizeram parte da então recém-criada quarta divisão. Depois de vários anos de luta nas divisões de acesso, o time chegou à elite chilena na temporada 2014/15, mas acabou rebaixado para a Primera B depois de apenas um campeonato na elite junto com o próprio Cobreloa e Ñublense.

Apesar de mandar suas partidas de forma mais frequente no Estadio San Carlos de Apoquindo, nesse ano os compromissos do onze azul e amarelo como mandante foram marcados para o La Florida. O local é mais afastado do centro de Santiago, porém de fácil acesso pelo metrô. Saí da Estação La Moneda, da Linha 1, fiz baldeação na Estação Tonalaba e dali fui até a Estação Rojas Magallanes, da Linha 4. Trajeto feito em cerca de meia hora.

Fiz o restante do percurso a pé, primeiro pela Avenida Vicuña Mackenna, depois pela Calle Enrique Olivares, num total de 1500 metros. Fui na boa prestando bastante atenção no arborizado e simpático bairro e também nas suas simpáticas residências. Logo estava na entrada principal do belíssimo estádio, inaugurado em 1986 e reformado completamente para a Copa do Mundo Feminina sub-20 em 2008.

Já conhecia a fama da torcida dos Zorros do Deserto, mas confesso que me surpreendi com o alto número de camisas laranjas nas arquibancadas. Mesmo atuando a mais de 1200 quilômetros de distância da sua sede, muitos "Loínos" pagaram ingresso para a apoiar a equipe na luta pelo acesso. Vale registrar que apenas duas equipes sobem - o campeão geral e o vencedor do confronto entre os vencedores da Liguilla de Apertura e da Liguilla de Clausura (cada um reunindo os quatro melhores do turno e do returno) - e a tarefa não está nada tranquila para os postulantes à promoção.


Estação Rojas Magallanes, a mais próxima do estádio. Foto: Fernando Martinez.



Dos detalhes da fachada do Estadio Bicentenario Municipal de La Florida, casa do Audax Italiano. Fotos: Fernando Martinez.


Torcida do Cobreloa marcando presença no La Florida. Foto: Fernando Martinez.

Antes dessa rodada o Cobreloa ocupava a vice-liderança com 19 pontos, um atrás do líder Deportes Temuco, enquanto o Barnechea era apenas o 12º colocado com nove. A diferença de dez pontos não entrou em campo, e as duas agremiações fizeram uma partida bastante equilibrada no gramado sintético do La Florida. De todas as pelejas que assisti essa foi a tecnicamente mais fraca, só que nem isso me desanimou, muito pelo contrário.

Como aconteceu em toda a minha turnê pelo país sul-americano, demorou bastante para cair a ficha que eu estava participando daquele momento único. E se não teve muita emoção dentro de campo, fora teve muita, e consegui aproveitar cada segundo me situando dentro do raro contexto futebolístico em que estava inserido. Fiquei os 90 minutos isolado num canto da arquibancada central com a cabeça a mil e com a presença (mais uma vez) da Cordilheira dos Andes completando a paisagem.


As coloridas arquibancadas do La Florida. Foto: Fernando Martinez.




Lances de Barnechea e Cobreloa, valendo pela 9ª rodada do primeiro turno da Primera B do Chile. Fotos: Fernando Martinez.


Enquanto a peleja rolava, muitos se divertiam em campos de grama sintética ao lado do estádio. Foto: Fernando Martinez.

O onze local, empurrado por uma pequena e barulhenta torcida, conseguiu surpreender os visitantes e criou duas boas oportunidades de gol com Boris Sandoval e Ledesma, uma no primeiro e outra no segundo tempo. Os laranjas responderam com um lance sensacional salvo em cima da linha, o melhor de toda a tarde, e um gol anulado de Nino Rojas aos 29 minutos do tempo final.

Os últimos quinze minutos foram todos do escrete calameño, porém seus atacantes não conseguiram vencer o arqueiro do onze local. No fim, vi meu único placar em branco de toda a viagem: Barnechea 0-0 Cobreloa. O Barnechea continuou indo mal na sequência do turno e terminou a fase ocupando a penúltima posição. Caso não melhore no turno final, corre sérios riscos de voltar para a terceira divisão.


Corredor de acesso para as arquibancadas do La Florida. Foto: Fernando Martinez.


Zagueiro do Barnechea salvando gol do Cobreloa em cima da linha. Foto: Fernando Martinez.


Grande corte do setor defensivo local em mais uma boa chance de gol do onze calameño. Foto: Fernando Martinez.


Marcação dupla em cima de atacante do time laranja. Foto: Fernando Martinez.


Placar final da partida, o único 0x0 que vi na minha turnê pelo Chile. Foto: Fernando Martinez.

Os laranjas terminaram o primeiro turno com 27 pontos, sete atrás do campeão Deportes Temuco. O time pegou o Everton na semi da Liguilla de Apertura e foi eliminado depois de ser derrotado dentro e fora de casa. Fica para o segundo turno a esperança de acesso para a fanática torcida calameña. Fico na torcida, pois é impossível secar um time tão genial.

Ainda demorei para deixar o estádio após o apito final, e na saída ainda comprei uma linda bandeira dos Zorros, hoje ocupando um lugar de destaque na minha coleção de souvenirs esportivos. Peguei meu caminho de volta até o centro de Santiago para um rápido pit stop, já que tinha mais jogo no final da tarde, em 90 minutos absolutamente sensacionais.

Até lá!

Fernando

Um comentário:

  1. SR. FERNANDO BOM NATAL E BOM ANAO NOVO . GPSTARIA DE SABERSX SE4 EM 2106 EM JANEIRO DIA E31 DW JANEWIRO DE N2106 VOCES VAO MOSTRAR NOVAMENTER OS 40 CLUBESD DAS SERIE A 2 E SERIE A 3 DE 2106 20 DA A2 E M20 DAA 3. FICO NO AGUIARDO EDE UMA RESPOSTA URGEMTEW.UM ABROÇO E BOAS FESDTAS

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