terça-feira, 8 de setembro de 2015

Feriado de Independência com Série D do nacional em Poços de Caldas


A cidade de Poços de Caldas é destino certo de turistas de todos os lados, ainda mais num feriado prolongado como foi o de 7 de setembro. Mas enquanto 99 % das pessoas que visitam a Cidade das Flores vão até lá em busca de descanso, eu fui fazer aquele famoso "turismo futebolístico" hoje em dia tão ausente aqui nas nossas páginas. Na pauta, um jogo sensacional com cheirinho do saudoso "Especial do Mês" válido pelo Campeonato Brasileiro da Série D: Caldense x Aparecidense/GO.

Não visitava o belo Estádio Municipal Dr. Ronaldo Junqueira desde 2008, quando vi o falecido Poços de Caldas vencer o Itaúna pela contagem mínima. Já a Veterana eu não via atuando ali desde o comecinho de 2007, num jogo do campeonato mineiro com derrota por 1x0 para o Guarani de Divinópolis. Desde então planejei muitas viagens até lá que (obviamente) não deram certo, mas essa precisava rolar de qualquer jeito, afinal, foi a primeira chance razoável para colocar o time goiano na Lista, que agora conta com 598 equipes.

Fundada em 1985 e no futebol profissional desde 1992, a Aparecidense disputou apenas estaduais até 2011. Em 2012 o time estreou em nacionais jogando a última divisão. O time ficou conhecido em todo país na Série D de 2013, quando o massagista Esquerdinha impediu um gol do Tupi nas oitavas. A equipe acabou sendo eliminada no STJD e voltou ao nacional apenas nessa temporada, depois de ter conquistado o vice-campeonato no goiano.

Diferente do Camaleão, a Caldense tem mais tradição dentro do seu estado. Campeã mineira em 2002 e vice estadual nessa temporada, a Veterana atuou na véspera do seu aniversário de 90 anos, uma marca invejável. Apesar de tamanha história dentro das Minas Gerais, o alviverde participa do Brasileiro apenas pela quarta vez. Dá para citar todas as participações aqui sem gastar muitas linhas: Série A em 1979, Taça de Prata em 1980 e Série C em 1995.

O curioso é que em todas essas participações o time mineiro nunca tinha sido derrotado com o mando de campo... até 2015. O tabu de catorze partidas foi quebrado no revés para o Comercial de Campo Grande no dia 16 de agosto. Buscando a vaga antecipada para a segunda fase, bastava não ser derrotada novamente que a vaga entre os dezesseis melhores estaria garantida entre os dezesseis melhores times do certame.


AA Caldense - Poços de Caldas/SP. Foto: Fernando Martinez.


AA Aparecidense - Aparecida de Goiânia/GO. Foto: Fernando Martinez.


Quarteto de arbitragem com o árbitro paulista Marcelo Prieto Alfieri e os mineiros Frederico Soares Vilarinho, Wesley Moreira de Carvalho e Renato Cardoso da Conceição junto com os capitães dos times. Foto: Fernando Martinez.

Para esse duelo eu tive a companhia do trio Mílton, Luiz e $eu Natal no pinga-pinga que o ônibus da Cometa faz até Poços de Caldas. A viagem que poderia levar cerca de três horas sem paradas dura quase cinco por conta dos vários pit-stops. Como deixamos a capital bandeirante bem cedo, chegamos na rodoviária local meio destruídos mas com tempo suficiente para fazer aquela boquinha esperta.

Com o estômago cheio voltei para o estádio - um caminho muito distante, cerca de 400 metros - e logo fui para o gramado. Tudo bem, demorou um pouco para que conseguisse o credenciamento, mas no fim tudo deu certo.

Vindo de um sonoro 3x0 aplicado contra o Operário de Várzea Grande na semana anterior, a Caldense decepcionou os quase mil pagantes que foram ao Ronaldão. O time não mostrou um futebol vistoso e se apresentou burocraticamente pensando apenas na classificação. A Aparecidense precisava vencer para manter vivo o sonho da vaga, mas também não fez muita coisa.

Os visitantes tiveram duas boas chances na primeira metade do tempo inicial, a melhor delas aos 17 minutos num milagre de Neguett após cabeçada venenosa de Dinei Correa. Jogando sem inspiração, a Veterana só assustou o goleiro Darci aos 41 minutos numa improvável bicicleta de Ewerton Maradona. O arqueiro goiano fez sua primeira boa defesa aos 46 depois de cobrança de falta local.


Estava com saudade dessa vista, uma das mais geniais em estádios que já visitei. Foto: Fernando Martinez.


Ataque da Caldense pela esquerda. Foto: Fernando Martinez.


Agora a Veterana atacando pela direita. Foto: Fernando Martinez.


Boa saída de Darci na cabeça de Amoroso. Foto: Fernando Martinez.


Francismar sob marcação da zaga da Aparecidense. Foto: Fernando Martinez.


Darci evita o gol local no último lance no primeiro tempo. Foto: Fernando Martinez.

No tempo final a equipe mineira melhorou um pouquinho seu futebol e quase abriu o marcador aos sete minutos com o camisa 5 Marzagão. Aos doze aconteceu o lance mais insólito do jogo quando o árbitro paulista Marcelo Alfiéri se lesionou, tendo então que ser substituído pelo quarto árbitro. Em mais de 2.500 jogos vistos in loco, foi a primeira vez que acompanhei isso acontecer.

Daí pra frente a peleja ficou bem morta até os 35 minutos. Depois de um lance aonde o onze visitante reclamou de falta de fair play local, Claytinho deu um pontapé desleal em Luiz Henrique, sendo expulso de forma instantânea. Com um a menos, o time goiano quase tomou o gol minutos depois numa oportunidade em que a zaga salvou em cima da linha.

Sem ânimo e sem ter como se aventurar mais no campo ofensivo, os visitantes apenas esperaram o jogo terminar. A Veterana teve boas chances em alguns contra-ataques, mas eles foram desperdiçados de forma bisonha. No fim, vi meu meu primeiro jogo sem gols em quase cinco meses: Caldense 0-0 Aparecidense.


Zaga goiana subindo para cortar cruzamento mineiro. Foto: Fernando Martinez.


Momento em que o árbitro Marcelo Alfiéri era atendido em campo, mas mesmo assim ele não continuou no jogo e foi substituído. Foto: Fernando Martinez.


Disputa de bola na linha de fundo. Foto: Fernando Martinez.


Escanteio para a Veterana interceptado pela zaga visitante. Foto: Fernando Martinez.


Investida pela lateral direita. Foto: Fernando Martinez.


A melhor chance de gol da Caldense aconteceu nesse lance. Após cruzamento de letra na área, a zaga salvou em cima da linha. Foto: Fernando Martinez.


Início de ataque da Aparecidense no fim do jogo. Foto: Fernando Martinez.

Tudo bem que o resultado garantiu a classificação mineira para as oitavas-de-final, mas ninguém nas arquibancadas ficou satisfeito com o fraco futebol apresentado pela equipe da casa. Vaias foram ouvidas e muitos estão apreensivos para saber qual será o adversário da agremiação na próxima fase. Tudo será definido na última rodada que será realizada no próximo domingo.

Após o apito final fui com os amigos para me abastecer com uma série de guloseimas no super-mercado perto da rodoviária antes de pegar o busão para voltar a São Paulo. Só assim e com o sempre agradável papo com a rapaziada para aguentar de forma minimamente decente as quase cinco horas do percurso. Cheguei em casa depois da meia-noite completamente destruído, mas feliz com mais um time novo na Lista.

Mesmo ainda bastante moído, na segunda-feira rolou nova jornada futebolística debaixo de chuva e frio, agora com bela atuação rubro-verde na Série C do nacional.

Até lá!

Fernando

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