quinta-feira, 11 de setembro de 2014

JP na Copa (parte 15): Jogo "perdido" e vitória bósnia em Salvador

Fala, pessoal!

Desde que o Brasil foi escolhido para ser sede da Copa do Mundo de 2014, nós começamos a imaginar alguns confrontos surreais nos quais a nossa presença seria obrigatória. Sonhamos com vários duelos envolvendo seleções "perdidas", e por sorte um deles acabou se confirmando: o genial Bósnia x Irã.

Quando a tabela do Mundial foi definida e esse jogo foi sorteado, ficou claro que teria que armar um esquema ninja para marcar presença nesse momento sensacional, ainda mais porque a peleja seria disputada em Salvador, cidade que não pretendia visitar durante a competição por conta dos altos preços de passagens. Procurei muito, consegui valores razoáveis e então armei direitinho todo o cronograma para estar na capital baiana no dia 25 de junho.


Se a Copa do Mundo teve um jogo "perdido", esse foi o vencedor: Bósnia x Irã em Salvador. Foto: Fernando Martinez.

Após a bizarra noite/madrugada em Belo Horizonte de terça para quarta-feira, embarquei no meu voo para Salvador às seis da matina. A maior parte da viagem foi tranquila, mas já no procedimento de pouso começou um dilúvio e a aterrissagem foi com o botão "emoção" ligado a todo vapor.

Já em terra firme esperei a chegada do Estevan, que estava em Fortaleza para Grécia x Costa do Marfim no dia anterior, para começar a maratona social e esportiva na cidade. Antes das oito da matina já estava na companhia do companheiro de JP e também de sua amiga Gabriela, nossa "guia" em Salvador.

Passamos uma manhã em Itapuã e dali pegamos um coletivo que levava até a Estação Lapa do recém-inaugurado metrô local. Tínhamos a informação que bastava ter o ingresso do jogo na mão que faríamos uma viagem gratuita até a porta da belíssima Arena Fonte Nova. Quando chegamos vimos que não era bem assim, e a única forma de chegar no palco futebolístico seria a pé. Surreal.

Indo a passo de tartaruga para evitar a fadiga, no meio do caminho recomeçou a abençoada chuva, a única que vi durante todos meus treze jogos na Copa. Cerca de 45 minutos depois chegamos finalmente no estádio. Dessa vez rolou uma fila gigante para a revista de quem estava de mochila e demorou muito para conseguirmos finalmente ir para nossos lugares.


Fachada da belíssima Arena Fonte Nova. Foto: Fernando Martinez.

Como todo mundo sabia que a peleja não teria lotação completa, dessa vez não fui para o meu lugar marcado. Tive o cuidado de ver qual cadeira do melhor setor estaria sem dono e contando a distante ajuda do Luiz, fiquei exatamente no meio de campo, no ângulo da televisão. Aproveitando a deixa e os vários lugares vazios, a dupla Estevan e Gabriela também ficou por ali.

Vale destacar que a Arena Fonte Nova foi o segundo estádio mais bonito entre os seis que visitei no Mundial, atrás apenas de Brasília. A colossal construção foi inaugurada em 2013 e da Fonte antiga ficou apenas o "buraco" para o Dique do Tororó (ocupado por arquibancadas temporárias apenas para a Copa), um detalhe único no país.

Bom, finalmente pouco antes das 13 horas as geniais seleções da Bósnia-Herzegovina e do Irã entraram em campo para a última rodada do Grupo F. Os europeus já estavam eliminados por conta das duas derrotas consecutivas para Argentina e Nigéria, essa num jogo em que a arbitragem influenciou diretamente no resultado final.


Times perfilados para a execução dos hinos nacionais. Foto: Fernando Martinez.

Já o Irã havia empatado sem gols com os africanos e perdido pela contagem mínima para os portenhos. Uma vitória por dois gols de diferença combinada com derrota nigeriana daria a segunda vaga da chave para os iranianos, algo inédito em Mundiais.



Pegamos carona nas fotos oficiais e também fizemos nossos registros da Bósnia e do Irã posados antes da peleja. Fotos: Estevan Azevedo e Fernando Martinez.

Vale destacar que vi meu último time "novo" nessa peleja. A seleção estreante em Copas foi a 11ª que vi ao vivo, e no fim minha Lista agora conta com 24 das 32 participantes. Não chego perto da performance do Estevan - 30 de 32 - mas para quem imaginava que não veria nada no Mundial está mais do que suficiente.


A zaga do Irã trabalhou muito durante os 90 minutos, aqui cortando cruzamento na área. Foto: Fernando Martinez.

Um belo e inesperado público - 48.011 pagantes - viu um jogo muito bom e amplamente dominado pelos bósnios. A empolgada torcida iraniana que sonhava com a classificação viu que a parada seria muito mais complicada do que esperavam logo no primeiro minuto. Mostrando um futebol bastante ofensivo, Dzeko, meia do Manchester City, colocou sua seleção em vantagem ao acertar um belo chute de esquerda aos 23.




Ataque iraniano pela direita. Foto: Fernando Martinez.




Boa saída de Begovic, arqueiro da Bósnia. Foto: Fernando Martinez.

Minutos depois o Irã quase chegou ao empate num raro ataque. Masoud chutou forte mas a pelota bateu caprichosamente no travessão. Quando o intervalo chegou tivemos uma enorme surpresa ao encontrarmos do nada o Victor Minhoto, antigo colaborador do JP em Minas Gerais e integrante da equipe original do blog. Se já é incomum encontrar alguém do nada no dia-a-dia, imagina na Copa.


A maior chance do Irã no primeiro tempo foi no chute de Masoud que encontrou a trave. Foto: Fernando Martinez.

Já contando com a presença do amigo ao nosso lado vimos um segundo tempo ainda melhor debaixo da forte chuva que chegou de forma definitiva. O Irã se lançou ao ataque e deixou o seu setor defensivo todo desguarnecido. Pjanic se aproveitou disso e fez o segundo aos 14 minutos.


Besic, camisa 7 da Bósnia, dominando a pelota. Foto: Fernando Martinez.


Kolasinac atacando com perigo pela esquerda. Foto: Fernando Martinez.

Com a fatura praticamente liquidada a favor dos europeus, a torcida agora era toda para o Irã fazer pelo menos um golzinho já que naquele momento, a seleção era a única que ainda não havia balançado as redes na Copa. Para felicidade geral, Reza fez a festa da galera aos 37 minutos e diminuiu.


Visão geral da Arena Fonte Nova recebendo um bom público para Bósnia x Irã. Foto: Fernando Martinez.

A festa iraniana durou pouco, pois na saída de bola a Bósnia definiu a peleja com o gol de Vrsajevic. Ele avançou pela direita e chutou cruzado na saída do arqueiro Haghighi. Na despedida do seu Mundial de estreia, os bósnios conseguiram marcar seus primeiros pontos.


Tentativa frustrada do Irã fazer o segundo gol. Foto: Fernando Martinez.

No fim, o placar de Bósnia 3-1 Irã acabou classificando a Nigéria para a segunda fase mesmo perdendo para a Argentina por 3x2. Os africanos acabaram sendo eliminados nas oitavas após serem derrotados pela França, em jogo que também teve cobertura do JP.


Imagem emblemática do goleiro iraniano Haghighi lamentando a eliminação de sua seleção do Mundial. Foto: Fernando Martinez.


JP em peso marcando presença em mais uma partida da Copa do Mundo. Foto: Gabriela.

Ficamos um bom tempo conhecendo as instalações da Arena Fonte Nova antes de deixarmos as dependências do estádio. Enquanto o Victor voltou para o aeroporto, nós não tínhamos pressa nenhuma - deixaríamos a cidade apenas na madrugada - e então fomos perambular pela cidade. Primeiro andamos mais de dois quilômetros via Dique do Tororó até alcançarmos uma via que não estivesse interditada. Só depois dessa caminhada conseguimos um busão para nos levar até a Barra.


Outra visão da Arena Fonte Nova, agora junto ao Dique do Tororó. Foto: Fernando Martinez.

Já no bonito bairro procuramos bastante e conseguimos encontrar um bom restaurante (vazio) na orla. Matamos nossa fome com estilo assistindo França x Equador e curtindo o belíssimo entardecer local. Para fazer a digestão, fomos ver o ambiente da Fan Fest, a única que visitei durante o certame.


Um entardecer digno para encerrar o meu alucinante cronograma de viagens montadas na primeira fase da Copa do Mundo. Foto: Fernando Martinez.

O Farol da Barra foi escolhido para sediar a festa da FIFA e ali passei as últimas horas da minha quarta e última série de viagens feitas durante doze dias. Fechar a programação de frente para o mar na agradável noite soteropolitana foi simplesmente sensacional.

Já no fim da noite uma abençoada carona nos levou até o aeroporto para que viajássemos para nossos novos destinos, de novo bem diferentes. Enquanto o amigo foi para Brasília curtir a peleja entre Portugal e Gana, eu voltei para São Paulo, palco da partida entre Bélgica x Coreia do Sul, no jogo da Copa com maior quórum de amigos e conhecidos presentes.

Até lá!

Fernando

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