segunda-feira, 13 de abril de 2009

JP na Argentina 4 (1/5): Atlanta x Flandria numa tarde de sábado em Buenos Aires

¡Fala pessoal!

Nesse último final-de-semana, os posts sao um pouquinho mais especiais do que os que costumeiramente faço por aqui. É que tive a grande chance de aportar na cidade de Buenos Aires na última sexta-feira para uma semana de sossego e paz em terras portenhas. Depois de algum tempo e com as dicas preciosas de alguns membros do JP, vim para a Argentina em busca de conhecer algo bem diferente do que vejo no Brasil.

Saí sexta à tarde de Sao Paulo e cheguei em BA no começo da noite. E como estou num hotel no coraçao do centro da capital argentina, já fui dar minhas pernadas por aí. Olha, e vi que realmente a diferença do centro daqui com o centro de Sao Paulo é algo de abismal. Mas falarei sobre isso em breve. Só sei que a viagem também tem como seus pontos altos algumas partidas dos vários campeonatos argentinos que acontecem. E no sábado já parti para uma rodada dupla genial, com quatro times novos na Lista.

A primeira pedida do dia foi seguir pela linha B do Subte de Buenos Aires (o nosso metrô). E descendo da Estaçao Dorrego (é, o nome é sugestivo) andei por alguns metros para meu primeiro jogo em terras portnhas, meu primeiro jogo internacional e de lambuja o jogo mais longe que jà vi na vida. A partida valia pelo Campeonato Argentino da Primeira B, como se fosse a terceira divisao, e reuniu os times do CA Atlanta e do Flandria.


Fachada do Estádio do Atlanta, num bairro parecidíssimo com a Mooca paulistana. Foto: Fernando Martinez.

E muito, mas muito diferente do que estamos acostumados no Brasil, cheguei e logo vi que o público compareceria em peso pelo estádio. Dito e feito, pois o público total da partida foi de cinco mil pessoas, todas cantando sem parar e sem repetir nenhum canto durante os minutos. Uma das coisas que mais me impressionaram por là foi a presença maciça de mulheres e crianças, muitas ainda de colo.

Esse é um tipo de imagem que acredito que nunca verei no Brasil, pois mesmo com o estádio lotado, os "hinchas" do Atlanta em nenhum momento desrespeitam alguma mulher ou alguma criança presente. Outra coisa bem diferente é que nao vi nenhum xingamento direcionado para atletas do time visitante, o Flandria. Nao sei se foi um fato isolado, mas o pessoal nem deu bola para os jogadores adversários, e só se preocupavam mesmo em torcer pelo time azul e amarelo.


Detalhe da torcida do Atlanta, torcendo o tempo todo pelo time. E na outra foto vemos os jogadores reservas do Atlanta se protegendo do forte sol com suas próprias camisas estendidas no banco. Fotos: Fernando Martinez.

Bom, e isso náo parava nem debaixo do sol escaldante que fazia em Buenos Aires na tarde do sábado. E tudo isso num jogo de terceira divisao hein? Nunca veremos isso no Brasil nao...

E após todas as emoçoes iniciais, o jogo finalmente começou. Por estar jogando em casa, e numa posiçao no alto da tabela, o Atlanta era franco favorito contra um Flandria que estava na penúltima colocaçao da Primeira B, e sem ter ganho nenhum jogo fora de casa. E o time dos "Los Bohemios" começou o jogo em cima dos visitantes, sem dar nenhum espaço ao time amarelo e preto.


Jogada do Atlanta pela esquerda do seu ataque. Foto: Fernando Martinez.


Mais uma vez o Atlanta tentando criar boa jogada pela esquerda. Foto: Fernando Martinez.

E tamanha pressao logo deu resultado, pois aos 22 minutos, o Atlanta abriu o marcador numa cabeçada meio sem jeito do jogador Leandro Guzmán. E o time quase chegou ao segundo gol, mas as duas oportunidades foram desperdiçadas. Mas na primeira chance de gol do Flandria, o time chegou ao empate. Num cruzamento pela direita, o jogador Lucas Mazzulli acertou uma boa cabeçada à direita do goleiro do time da casa. Tudo igual no placar.


Jogadores do Atlanta comemorando o primeiro gol da equipe. Foto: Fernando Martinez.


Mesmo com um fantasma no canto da foto, aqui a zaga do Flandria afasta o perigo. Foto: Fernando Martinez.

Pelo restante da primeira etapa, os dois times criaram chances de mais gols, mas o jogo foi para seu intervalo com a igualdade no marcador. Nesse intervalo fui conferir qual seriam as pedidas gastronômicas das "canchas" argentinas. Olha, e eles vendem um hamburguer de primeiríssima linha. Tudo bem que se eu fosse contar o número de micróbios no sanduíche ficaria espantado. Mas como o que nao mata engorda, encarei dois desses ótimos hamburgueres.


Visao da arquibancada oposta, que atualmente nao está aberta ao público. Foto: Fernando Martinez.


Jogadores esperando a bola chegar dentro da área. Foto: Fernando Martinez.

Já restabelecido, voltei para o alambrado, que mais parece uma grade de prisao, para o segundo tempo. E a segunda etapa foi mais cadenciada, talvez pelo grande calor no estádio. Os times nao criaram tantas chances, e mesmo com o Atlanta nao jogando bem, a torcida continuou seu rosário de cançoes animando todo mundo na arquibancada.


Visao das numeradas do estádio do Atlanta. Foto: Fernando Martinez.

E o jogo ia seguindo empatado até os 40 minutos, e aí o Flandria surpreendeu e virou o marcador. Num cruzamento da direita, a bola sobrou para Jorge Chiquilito que matou com classe e chutou sem chance para o arqueiro do Atlanta. O mais legal è que apareci na TV argentina tirando a foto desse gol. É, aqui passam jogos da terceira divisao ao vivo e existem mesas-redondas sobre esses campeonatos de acesso. Quando teremos isso no Brasil? Acho que nunca...


Cruzamento que originou o gol da virada do Flandria no jogo. Foto: Fernando Martinez.

Depois de tomar a virada, o Atlanta tentou o gol de empate, mas já era tarde. Final de jogo: Atlanta 1-2 Flandria. O time dos "Bohemios" agora fica na sétima colocaçao, enquanto o Flandria pula uma colocaçao e fica na antepenúltima posiçao. O mais legal foi ver a torcida aplaudindo o time, mesmo perdendo de virada para um time muito pior colocado. Outra coisa que dificilmente verei no Brasil um dia.


Saindo do estádio passamos pela Rua Muñecas e atravessamos os trilhos do trem que cortam o bairro. ¡Genial! Fotos: Fernando Martinez.

Após o jogo fui tentar ver se tinha alguma camisa à venda no clube, mas infelizmente nao consegui. E foi entao a vez de voltar calmamente pelas ruas do bairro para retomar o caminho para o "Subte" em busca do segundo jogo do dia, um velho sonho dos meus tempos de criança.

¡Gracias!

Fernando

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