Procure no nosso arquivo

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Massacre na estreia de Pia Sundhage como técnica do Brasil

Texto e fotos: Fernando Martinez


Nem bem a preliminar tinha acabado - vitória chilena em cima da Costa Rica - e o jogo de fundo que fechou a rodada de abertura do Torneio Uber Internacional de Futebol Feminino pediu passagem. No histórico gramado do Estádio Paulo Machado de Carvalho, a seleção do Brasil enfrentou a seleção da Argentina em busca da vaga na final da competição. Além disso, a peleja marcou a esperadíssima estreia de Pia Sundhage no banco de reservas tupiniquim.

Depois que Vadão, o comandante das meninas brasileiras na Copa do Mundo, ganhou o bilhete azul a expectativa era que a CBF contratasse alguém melhor preparado para o cargo. A escolha foi a melhor possível pois a sueca é o grande nome da atualidade. Bi-campeã olímpica em 2008 e 2012 - ano em que foi eleita como a melhor técnica do ano pela FIFA - e vice mundial em 2010 com os Estados Unidos, ela também foi medalha de prata no Rio em 2016 com seu país natal.

A presença dela é importantíssima, só que não há como ser encarada como "salvadora da pátria". A treinadora vai precisar que a CBF e as federações estaduais também façam sua parte e tratem o futebol feminino com respeito. Isso sem falar da imprensa, né? Que saiam das redes sociais e comecem a acompanhar de verdade a categoria, algo que hoje não existe. Pode ser pouco, mas o JP vai continuar cobrindo a categoria como fazemos desde 2004.


As duas seleções perfiladas antes do apito inicial



De novo na base da carona, Brasil e Argentina posados

Direto da numerada descoberta - o credenciamento foi uma bagunça e não conseguimos ficar no gramado, como disse na matéria da preliminar - acompanhei uma partida em que o Brasil foi amplamente superior. As argentinas, embora animadas com a campanha heroica da Copa do Mundo, não foram páreo para as donas da casa, que atuaram sem Marta e Cristiane, uma dupla que sempre fará falta em qualquer time do mundo.

As locais criaram quatro bons momentos antes de Ludmilla abrir o marcador aos 17 minutos. A vantagem não diminuiu o ímpeto local e a veterana Formiga, no alto dos seus 41 anos, ampliou aos 41. Vale lembrar que ela se tornou a recordista de participações em Copas do Mundo na França. De 1995 a 2019, sete edições seguidas, ela esteve em todas, isso sem contar a presença em todas as edições dos Jogos Olímpicos até hoje. Um monstro.

Aos 35, Debinha fez o terceiro para delírio dos mais de 13 mil presentes no Pacaembu. Bia quase faz o quarto aos 41 e no intervalo a vantagem parcial de 3x0 praticamente já definiu a sorte do cotejo, restando saber de quanto seria o triunfo verde e amarelo. Vale lembrar que, se no masculino a rivalidade com a Argentina é enorme, no feminino isso não acontece. Em quinze duelos realizados até então, o Brasil tinha vencido doze, empatado um e perdido apenas dois. A diferença entre as meninas dos países vizinhos é enorme.

Na etapa final as locais voltaram mais de boa e a pressão não foi tão grande. Jogando na boa, o placar voltou a ser alterado aos 13 minutos em gol de cabeça da zagueira Erika escorando escanteio da direita. Várias alterações foram feitas e a partida caiu bastante de produção. Enquanto a bola rolava no relvado, o clima na arquibancada era sensacional. Defendo a tese que público do futebol feminino é diferente e a mistura com a torcida "tradicional" não seria nada saudável. Nada melhor do que ver famílias inteiras, crianças e meninas que se espelham nas atletas tupiniquins ocupando o estádio. No campo, ainda deu tempo de pintar o quinto tento local numa cabeçada contra de Juncos aos 37 minutos.


Bola perigosamente zanzando dentro da área argentina


No feminino, a rivalidade dos dois países é quase nula, bem diferente do masculino


Atletas locais na comemoração de um dos gols no primeiro tempo


Brasil atacando pela direita já na segunda etapa


Lance do quarto gol, marcado de cabeça pela zagueira Érika


Visão geral da velha cancha com um bom público na quinta à noite. Mais um capítulo da série "vá ao estádio antes que ele acabe"... pena que o fim está próximo

O resultado final de Brasil 5-0 Argentina colocou a seleção tupiniquim na decisão do Torneio Internacional contra o Chile. Já as portenhas disputarão o terceiro lugar contra a Costa Rica. Agora, é fato que a estreia de Pia Sundhage foi promissora. Se deixarem a simpática sueca trabalhar, podemos ter resultados mais dignos.

Antes de marcar presença na grande decisão na manhã/tarde de domingo, a agenda futebolística reservou a estreia do Nacional na segunda fase da Copa Paulista na tarde de sábado. Pena que, assim como vem acontecendo em toda a temporada, a apresentação tenha sido sofrível.

Até lá!

_________________________

Ficha Técnica: Brasil 5-0 Argentina

Competição: Torneio Uber Internacional de Futebol Feminino; Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (São Paulo); Árbitra: Edina Alves Batista (Bra); Público: 11.962 pagantes; Renda: R$ 132.402,00; Cartão amarelo: Chávez (Arg); Gols: Ludmila 18, Formiga 34 e Debinha 35 do 1º, Érika 14 e Juncos (contra) 37 do 2º.
Brasil: Bárbara; Letícia Santos, Kethellen, Érika e Tamires; Luana, Formiga (Aline Milene), Debinha (Millene) e Andressa Alves (Chu); Ludmila (Geisy) e Bia Zaneratto (Raquel). Técnica: Pia Sundhage
Argentina: Correa; Chávez (Gómez), Barroso, Sachs e Stabile; Santana, Mayorga, Benítez (Sole Jaimes) e Larroquete (Cabrera); Rodríguez e Oviedo (Juncos). Técnico: Carlos Borrello.
_____________

Chile vence a Costa Rica e vai para a final do Torneio Internacional

Texto e fotos: Fernando Martinez


Na noite da última quinta-feira não tinha como ficar de fora da genial rodada dupla que abriu o Torneio Uber Internacional de Futebol Feminino no Estádio Paulo Machado de Carvalho. Iniciando os trabalhos, a ainda vazia cancha viu o encontro entre as seleções de Costa Rica e Chile, um jogo perdido de grife e muito legal de se ver em território neutro, respectivamente a 37ª e 38ª colocadas no atual Ranking da FIFA.

De 2009 a 2012 o certame foi realizado na capital bandeirante com organização da FPF. A partir de 2013 a CBF tomou as rédeas e passou a levar a competição até palcos construídos especialmente para a Copa do Mundo: Brasília em 2013 e 2014, Natal em 2015 e Manaus em 2016. Com todo o frenesi gerado pela Copa do Mundo da França, ótima hora da competição retornar ao estado de São Paulo. O Brasil foi campeão sete vezes (as finais de 2009 contra o México e 2012 contra a Dinamarca tiveram cobertura do JP) e o Canadá uma, em 2010.



Mesmo de longe, pegamos uma carona nas fotos oficiais de Chile e Costa Rica na abertura da edição 2019 do Torneio Internacional de Futebol Feminino



As seleções perfiladas para os respectivos hinos nacionais e a foto oficial das capitãs com o quarteto de arbitragem

Conseguir se credenciar foi como fazer companhia ao Tom Cruise na sua eterna Missão Impossível por conta da enorme desorganização e pouca simpatia dos responsáveis. Após uma série de e-mails enviados sem resposta e um contato bizarro na véspera da peleja, fiquei sem lugar no gramado e encarei a jornada da arquibancada. Pior foi saber que uma série de bloqueirinhas, aspones, parças e afins conseguiram o tal credenciamento.

O fato é que não tinha como esperar algo diferente levando em conta o cenário que temos em momentos importantes. Ninguém se faz presente nos jogos perdidaços do Paulista Feminino ou do sub-17 estadual em locais mais remotos, só que na hora do filé mignon tem briga de cachorro grande pelo maior pedaço. São os já citados ~lacradores~ repletos de opiniões mas que na hora H nem sabem o que está rolando de verdade na categoria durante toda a temporada.

A Costa Rica ficou de fora da Copa do Mundo da França e conta com apenas uma participação em mundiais: foi 18ª colocada em 2015 no Canadá. Já o Chile, que tem sua seleção em atividade apenas desde 2009, fez sua estreia em gramados franceses no último mês de junho. Elas foram derrotadas por Suécia e Estados Unidos, ganharam da Tailândia e acabaram eliminadas ainda na primeira fase, finalizando a campanha na 17ª posição. Especificamente no Torneio Internacional, as centro-americanas disputam a segunda edição (a primeira foi em 2016) e as sul-americanas jogam pela quarta vez (as outras foram em 2009, 2011 e 2013).

Quem chegou cedo na velha cancha acabou vendo uma partida animada e bem movimentada. Se as seleções não possuem jogadoras com nível técnico incrível, pelo menos as meninas nos brindaram com bastante vontade e disposição. A Costa Rica foi melhor na maior parte do tempo e teve várias chances no decorrer na etapa inicial, mas quem colocou a bola na rede foi o Chile aos 47 minutos. A autora do golaço foi a camisa 10 Yanara com um chute no ângulo esquerdo.

No segundo tempo as costarriquenhas ocuparam o setor defensivo adversário sem que o domínio se transformasse em gols. As chilenas sofreram com a pressão e ainda terminaram com uma atleta a menos depois que a zagueira Carla Guerrero foi expulsa. Nos acréscimos a goleira Christiane Endler, que fez sua 70ª apresentação com a camisa da Roja, fez duas defesas que garantiram a vitória. Além disso, a equipe da América Central chegou a empatar, porém miseravelmente o tento foi anulado.


Ataque chileno pela direita no começo da partida


Aqui uma investida da boa equipe costarriquenha


Bola levantada na área centro-americana em lance já no tempo final


Perigo em chance sul-americana em cobrança de escanteio


Visão do Pacaembu ainda com presença tímida na preliminar

Apesar da pressão, o placar final ficou em Chile 1-0 Costa Rica e colocou a seleção da América do Sul pela segunda decisão na história - em 2013 foram derrotadas pelo Brasil em Brasília por 5x0. A Costa Rica, mesmo com um futebol melhor, lutará pelo terceiro lugar. Cotejo absolutamente agradável que serviu como belo aperitivo para o prato principal.

Com o estádio já com um público bem maior, tinha chegado a hora de acompanhar o duelo principal, a grande estreia da sueca Pia Sundhage no comando da seleção brasileira feminina.

Até lá!

_________________________

Ficha Técnica: Chile 1-0 Costa Rica

Competição: Torneio Uber Internacional de Futebol Feminino; Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (São Paulo); Árbitra: Thayslane de Melo Costa (Bra); Público: 11.962 pagantes; Renda: R$ 132.402,00; Cartões amarelos: Carla Guerrero, Yessenia Huenteo (Chi); Mariana Benavídez (Cos); Cartão vermelho: Carla Guerrero 44 do 2º; Gol: Yanara Aedo 47 do 1º.
Chile: Christiane Endler; Su Helen Galaz, Carla Guerrero, Camila Sáez e Francisca Lara; María Francisca Mardones (Yastin Jiménez), Yessenia López (Javiera Roa), Yanara Aedo e Daniela Zamora (Yessenia Huenteo) (Rocío Soto); Yazmín Torrealba (Daniela Pardo) e Rosario Balmaceda. Técnico: José Letelier.
Costa Rica: Noelia Bermúdez; Gabriela Guillén, Carol Sánchez, Fabiola Sánchez e Lixy Rodríguez; Melissa Herrera (María Paula Porras), Raquel Rodríguez, Mariana Benavídez e Priscilla Chinchilla; Shirley Cruz e María Paula Salas (Sofía Varela). Técnica: Amelia Valverde.
_____________

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Tudo igual entre as meninas de São Paulo e Santos pelo estadual

Texto e fotos: Fernando Martinez


Depois de alguns dias de descanso voltei à ativa na tarde de quarta-feira com um joguinho bem legal no Estádio Paulo Machado de Carvalho. Pelo Campeonato Paulista Feminino, o São Paulo recebeu o Santos precisando vencer pensando na classificação para a semi-final. Foi a primeira apresentação das meninas do Tricolor como campeãs da Série A2 nacional, título conquistado no domingo em cima do Cruzeiro.

Na rodada anterior do estadual, em duelo também realizado no Pacaembu, as Sereias fizeram 1x0 no finzinho e seguraram os 100% de aproveitamento no Grupo 3, praticamente garantindo um lugar entre as quatro melhores. Lutando pelo segundo posto estão São Paulo e Palmeiras. Como as alviverdes derrotaram o São José na abertura do returno e chegaram aos sete pontos, o escrete do Morumbi, com quatro, sabia que um novo revés complicaria sua situação.


São Paulo Futebol Clube (feminino) - São Paulo/SP


Santos Futebol Clube (feminino) - Santos/SP


As capitãs dos times posam para as lentes do JP junto com o árbitro Humberto Jose Junior, os assistentes Ricardo Pavanelli Lanutto e Leonardo Jose Brandini e o quarto árbitro Eleandro Pedro da Silva

Cheguei na velha cancha e logo vi que outra vez um jogo do futebol feminino não receberia um público bom. Pior, todos os ~lacradores~ que adoram dar opiniões não estavam presentes novamente. É complicado ver tanta gente ditar regra e cobrar apoio à categoria quando elas mesmas não dão a mínima, a não ser que seja partida do Brasil ou duelo decisivo do Brasileiro com os "grandes" em campo. Assim como acontece no masculino, só o filé mignon interessa... 

Mesmo não sendo nosso único foco, desde que o JP nasceu cobrimos o futebol feminino sempre que possível. O blog tinha pouco mais de dez dias de vida quando o hoje licenciado Emerson Ortunho foi até Cubatão na primeira matéria da categoria publicada nas nossas páginas: o insólito embate entre a Secretaria de Esportes de Cubatão e o Pinheiros numa época em que a organização era mínima e a bagunça era generalizada. Desde então, sempre marcamos presença em jogos das meninas, diferente dessa massa ~lacradora~ que nunca pisou na Vila Guarani ou na Sede Social do Juventus.

Voltando à vaca fria, o que se viu no clássico relvado foi um jogo muito bom que teve o São Paulo jogando melhor durante toda a etapa inicial. Aos seis minutos Ary Aguiar recebeu belo passe na área e tocou com classe por cobertura na saída de Paty Nardy. A pelota caprichosamente bateu na trave superior e saiu pela linha de fundo. Aos dez, a única chance santista no primeiro tempo. Sole James avançou e tocou para Ketlen. Ela chutou cruzado, Carla deu rebote e Maria Dias finalizou torto apesar de ter o gol inteiro à sua disposição.

A zaga visitante falhou como poucas vezes eu vi e quando o relógio marcava 14 minutos, o São Paulo merecidamente abriu o placar. Monique recuou mal, a arqueira dividiu com Valéria e a bola sobrou livre para a atleta tricolor fazer seu terceiro gol no torneio. O setor defensivo alvinegro cansou de mostrar insegurança até o intervalo, porém o clube paulistano não transformou esses vacilos em gols.


Ketlen carregando a pelota no meio-campo do Pacaembu



Sole James, a argentina do Santos em dois momentos. Primeiro atacando pela direita e depois dividindo pelo alto


No primeiro tempo, o São Paulo foi muito melhor e se aproveitou da atuação ruim da zaga das Sereias

A técnica Emily Lima conseguiu arrumar a casa santista nos vestiários e as Sereias retornaram ao gramado com outro espírito. Se aproveitando o fato do São Paulo pensar apenas em manter a vantagem, as visitantes dominaram por completo a peleja. Todas as oportunidades passaram pelos pés da camisa 99 Sole James, a argentina que está na sua segunda passagem pelo alvinegro e que já é um dos destaques da temporada.

Nos cinco primeiros minutos ela foi responsável por dois ótimos lances. O primeiro aos quatro quando ela recebeu cara-a-cara e chutou em cima da goleira Carla. Logo depois, numa indecisão entre zagueira e arqueira, ela se intrometeu no meio das duas e obrigou Carla a trabalhar novamente. Aos 12 foi a vez de Amanda Guitierres invadir a área, tirar da marcadora e finalizar à esquerda. Sole James voltou a assustar aos 20, novamente sem sucesso.

A pressão deu uma diminuída na sequência e parecia que as meninas do Tricolor conseguiriam segurar com unhas e dentes o 1x0. Parecia, pois aos 35 a bola foi enfiada em profundidade para, sempre ela, Sole James. A camisa 99 entrou na área e tocou com classe na saída de Carla. As Sereias se contentaram com o empate e o onze local ainda teve tempo de assustar aos 43 quando, em falha de Paty Nardy, quase passou à frente novamente.


A técnica Emily Lima arrumou a casa no intervalo e o Santos voltou melhor para o segundo tempo



Duas investidas santistas pelo lado esquerdo do ataque, o mais acionado nos 45 minutos finais


Aos 35 minutos, Sole James deixou tudo igual no Pacaembu

O placar final ficou mesmo em São Paulo 1-1 Santos. As Sereias perderam os 100% de aproveitamento mas seguem de vento em popa rumo ao primeiro lugar do Grupo 3 nessa fase, agora com dez pontos. O Palmeiras, que derrotou o São José por 2x0, tem sete e o Tricolor cinco. Faltam dois compromissos para cada time e, ao que tudo indica, a decisão da segunda vaga na semi sairá do Choque-Rei da última rodada.

Retornei ao Pacaembu na noite de quinta-feira pois a pauta livre do JP reservava a primeira rodada do genial Torneio Internacional de Futebol Feminino de seleções, uma daquelas jornadas absolutamente imperdíveis por vários motivos.

Até lá!

_________________________

Ficha Técnica: São Paulo 1-1 Santos

Competição: Campeonato Paulista Feminino; Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (São Paulo); Árbitro: Humberto Jose Junior; Público e renda: Portões abertos; Cartões amarelos: Natane, Antonia, Bruna, Ottillia (SP), Katielle, Carol Arruda, Sole James (San); Gols: Valéria 14 do 1º, Sole James 35 do 2º.
São Paulo: Carla; Antonia, Bruna, Thaís Regina e Natane; Cris, Ari, Jaqueline (Larissa Santos) e Brenda (Dyneffer); Valeria e Ottillia. Técnico: Lucas Piccinato.
Santos: Paty Nardy; Maurine, Monique, Gi e Katielle (Glaucia); Angelina (Claudia), Alanna (Sandrinha) e Rita Bove (Carol Arruda); Ketlen (Amanda Gutierres), Maria Dias (Villamizar) e Sole James. Técnica: Emily Lima.
_____________

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Nacional derrota o Juventus e - ufa! - se classifica na Copa Paulista

Texto e fotos: Fernando Martinez


A Copa Paulista chegou ao final da primeira fase na tarde de sábado e, após desistir do Plano A no ABC, escolhi o Plano B e fui até o Estádio Conde Rodolfo Crespi acompanhar a decisão entre Juventus e Nacional. Foi o oitavo Juvenal consecutivo da minha lista com os times principais e o 26º na história contando todas as categorias. De longe é a partida que mais assisti na minha vida.

Vindo de sete jogos sem vencer e emendando vacilo após vacilo, o Nacional tinha que derrotar o Moleque Travesso e torcer para a Portuguesa não vencer o Taubaté jogando no Joaquinzão, só assim a vaga na segunda fase estaria garantida. Tudo bem, a probabilidade da Lusa ganhar longe do Canindé não era das maiores, o problema era justamente o escrete ferroviário sair-se vitorioso na Rua Javari contra o líder do Grupo 3. Como se não bastasse, o retrospecto era péssimo: nos últimos quatro duelos, quatro vitórias grenás.


Clube Atlético Juventus - São Paulo/SP


Nacional Atlético Clube - São Paulo/SP


O árbitro Thiago Duarte Peixoto, os assistentes Claudenir Donizeti da Silva e Paulo Cesar Modesto, o quarto árbitro Luciano Silva e os capitães dos times

Um público total de 1.181 pagantes viu uma peleja em que o Juventus não conseguiu emplacar uma boa atuação. Vindo de duas derrotas contra Taubaté e Portuguesa, os comandados de Alex Alves não foram bem outra vez. O Nacional também não foi nenhuma maravilha, mas pelo menos os atletas mostraram maior disposição do que nos confrontos contra Corinthians e Desportivo Brasil, respectivamente um empate sem gols e derrota de virada por 2x1, ambos no Nicolau Alayon.

Embora tenha feito uma apresentação abaixo da média, a primeira oportunidade relevante foi dos mandantes com Potiguar aos seis minutos. Felipe Lacerda foi bem e fez a defesa. O escrete ferroviário manteve a cabeça no lugar a praticamente definiu a sua sorte num espaço de menos de dois minutos. Aos 22, num escanteio pela esquerda, a bola foi escorada para trás no primeiro pau e Veloso completou no segundo. Sem deixar os grenás assimilarem o golpe, no minuto seguinte Vinícius recebeu também na esquerda ainda no seu campo e avançou liso entre os zagueiros. Da entrada da área ele acertou um chutaço no canto esquerdo de André Dias e ampliou.

O azar do Nacional foi que aos 25 o Moleque Travesso armou uma ótima investida pela direita que terminou com um chute cruzado do camisa 2 Thiago e o primeiro tento local. Os donos da casa tentaram aproveitar a deixa e até chegaram com perigo dentro da área visitante nos minutos restantes, sem que isso tenha resultado em algum lance interessante.


Investida nacionalista pela esquerda do ataque




O primeiro gol do Nacional em três momentos: o atleta indo buscar a bola para bater o escanteio, o momento em que a bola foi escorada para trás e a comemoração de Veloso


O setor esquerdo do onze ferroviário foi o mais acionado durante o tempo inicial

As notícias que chegavam de Taubaté eram boas com o empate rubro-verde. Isso significava que o triunfo nacionalista era suficiente para garantir a classificação. Talvez por isso os comandados de Felipe Alves tenham retornado ao gramado pensando basicamente em garantir a vantagem a todo custo e apostando que o Burrão da Central não os decepcionaria. Com esse panorama, o Juventus teve maior posse de bola e mais domínio.

O que pegou foi que apesar desse cenário, não teve nenhuma chance de gol daquelas para soltar o "uhhhh" na torcida. Os avantes grenás foram dominados pelo bem postado sistema defensivo visitante com relativa facilidade. O relógio andava moroso e o suspense permaneceu até o último minuto. No fim, a então improvável vaga na segunda fase foi conquistada no sufoco, porém com méritos.


Ataque visitante no começo do tempo final


Cruzamento dentro da área juventina


Ataque aéreo a favor do Nacional


André Dias fazendo boa defesa em cobrança de falta

O resultado de Juventus 1-2 Nacional quebrou a série de quatro derrotas do Naça contra o clube da Mooca e os colocou no Grupo 6 da segunda fase junto com Mirassol, XV de Piracicaba e Água Santa. Os grenás estão no Grupo 7 com Comercial, Santo André e Inter de Limeira. Para muitos, a Copa Paulista começa de verdade no próximo final de semana. Nós certamente estaremos de olho no decorrer do certame.

Tinha planos de continuar com a cobertura futebolística no domingo. Cansado, decidi por ficar de boa e retornar à ativa somente no meio de semana com um clássico do Paulista Feminino no Pacaembu. Apenas o primeiro de uma série de pelejas no velho Paulo Machado de Carvalho nos próximos dias.

Até lá!

_________________________

Ficha Técnica: Juventus 1-2 Nacional

Competição: Copa Paulista; Local: Estádio Conde Rodolfo Crespi (São Paulo); Árbitro: Thiago Duarte Peixoto; Público: 1.181 pagantes; Renda: R$ 18.500,00; Cartões amarelos: Luiz Carlos, Thiago Rocha (Juv), Allan, Eder Paulista (Nac); Cartão vermelho: Luiz Carlos 39 do 2º; Gols: Veloso 22, Vinícius 23 e Thiago 25 do 1º.
Juventus: André Dias; Thiago, Luiz Carlos, Diego e Paulo; Thiago Rocha, Roger Bastos (Raphael), Gil e Thiago; Matheus (Dener) e Junior (Nathan). Técnico: Alex Alves.
Nacional: Felipe Lacerda; Veloso, Guilherme, Rodrigo San e Caio Mendes; Luiz Felipe, Washington (Maranhão), Allan e Gabriel; Michael Thuique (Sabão) e Vinícius (Eder Paulista). Técnico: Felipe Alves.
_____________

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Bernô derrota o Juventus e se mantém vivo no sub-20

Texto e fotos: Fernando Martinez


O Grupo 6 do Campeonato Paulista sub-20 da Primeira Divisão teve a sua penúltima rodada encerrada na tarde de sexta-feira com o sensacional encontro entre Juventus e São Bernardo no Estádio Conde Rodolfo Crespi. Depois de tantos anos acompanhando os dois, foi bem legal ter a chance de ver um duelo entre ambos, mesmo que não tenha sido com os times principais.

De 2003 a 2009 o JP praticamente foi o único veículo de imprensa a acompanhar o Bernô nos complicados anos na última divisão do antigo paulista de juniores. Foi difícil, mas o orgulho de registrar quase que de forma exclusiva nas nossas páginas o período é bem grande. Eles voltaram ao profissionalismo em 2010 e no ano seguinte conquistaram o título do sub-20 da segunda divisão (numa decisão contra o Jabaquara, claro, com cobertura do blog). Acompanhá-los entre os grandes do estado é gratificante para quem gosta do clube como eu.


Clube Atlético Juventus (sub-20) - São Paulo/SP


Esporte Clube São Bernardo (sub-20) - São Bernardo do Campo/SP


Capitães dos times junto com o quarteto de arbitragem

Com o triunfo do Novorizontino em cima do Nacional na quinta, uma vitória do Juventus deixaria a equipe com nove pontos e encaminharia a classificação grená. Ao Bernô, lanterna com três pontos, somente a vitória interessava. Vindo de duas derrotas contra o Tigre, a maior aposta do onze do ABC era se inspirar na vitória conquistada no Baetão contra o Moleque Travesso no primeiro turno, a única nessa fase.

Quem foi à Rua Javari acabou assistindo uma boa partida repleta de boas jogadas. A primeira meia hora foi dominada pelos juventinos. A primeira chegada perigosa foi aos 18 minutos, quando Rikelmi cruzou na cabeça de Gustavo Xavier e este desperdiçou. Aos 30, Lucas da Costa avançou pela esquerda e chutou cruzado para boa defesa de Gabriel. No rebote, Thiago acertou um belo tiro e novamente Gabriel mostrou serviço defendendo de maneira brilhante.

O Bernô, assim como quem não quer nada, foi melhorando e se lançou ao ataque aos poucos se aproveitando de uma postura claudicante da zaga paulistana. Aos 35 Robson finalizou à direita em boa trama que envolveu todo o setor ofensivo. Aos 41, Vítor Manuel recebeu passe pelo alto, tirou do zagueiro e, sozinho, chutou para fora. Dois minutos depois, Felipe Sussai inaugurou o marcador. A bola foi recuada até Cauã França e o camisa 1 tentou driblar o avante do São Bernardo. Num vacilo monstro, o arqueiro perdeu o domínio e Felipe se esticou todo, conseguindo tocar de leve na pelota, o suficiente para ela morrer dentro do gol.


Ataque do Bernô pela esquerda no começo da peleja


O Juventus dominou a primeira hora de partida na Rua Javari


Aos poucos o São Bernardo foi se soltando dentro de campo


Toque de cabeça no meio de campo juventino


A firme Cristhian (6) em cima de atleta paulistano

O Juventus sentiu o gol sofrido e a partir daí até o apito final do jogo, não conseguiu ter objetividade nas suas investidas. No tempo final, já postado na parte coberta da Javari na companhia de Caio Buchalla, o mago das Copas do Mundo, vi o São Bernardo atuar com a cabeça no lugar, aguardando a oportunidade de matar a vitória num contra-ataque. Isso não aconteceu por simples detalhe.

Aos 11 minutos um dos avantes alvinegros finalizou da entrada da área e quase ampliou quando a bola resvalou num dos zagueiros, enganando o arqueiro e saindo à direita. Aos 23, num avanço pela esquerda, a pelota tinha os pés de Robson como destino, porém Cauã França cortou o cruzamento na hora H. Sete minutos depois o melhor momento visitante quando Fábio Henrique acertou um maravilhoso chute de fora da área. O goleiro grená se redimiu do erro no gol e fez uma defesa espetacular, mandando pela linha de fundo.

O escrete local até chegava dentro da área alvinegra, só que eram chances insípidas, sem inspiração e com praticamente nenhuma objetividade. Os comandados de Marcel Barbosa não foram capazes de criar nenhum ataque digno de registro. A performance abaixo da crítica irritou a torcida que compareceu em ótimo número na cancha da Zona Leste. O revés pode ter comprometido seriamente o futuro da agremiação no torneio.


Bola levantada na área visitante. O Juventus abusou dos cruzamentos durante todo o tempo final


Zagueiro do Bernô se preparando para colocar a cabeça na pelota



O Bernô chegou perto do segundo gol em algumas oportunidades se aproveitando de falhas defensivas do Juventus. Na segunda foto, o brilhante chute de Fábio Henrique aos 30 minutos

O resultado final de Juventus 0-1 São Bernardo classificou o Novorizontino como líder do Grupo 6 com uma rodada de antecedência e deixou os outros três times com seis pontos. Pelo saldo de gols, os grenás ficaram em segundo, o Bernô em terceiro e o Nacional em último. Na rodada final, o Moleque Travesso visita o Tigre e o clube do ABC recebe os ferroviários no Baetão. A sorte está lançada, mas creio que dois dos envolvidos (tirando o Grêmio, claro) se classificarão.

Voltei à Javari na tarde de sábado para o Juvenal decisivo na Copa Paulista. O Nacional queria quebrar a série de quatro derrotas seguidas contra seu rival e com isso conquistar a classificação.

Até lá!

_________________________

Ficha Técnica: Juventus 0-1 São Bernardo

Competição: Campeonato Paulista sub-20 da Primeira Divisão; Local: Estádio Conde Rodolfo Crespi (São Paulo); Árbitro: Alester Clauli Tambelli; Público e renda: Portões abertos; Cartões amarelos: Rikelmi, Lucas da Costa (Juv), Caio Cunha, Cristhian, Luís Phelipe, Gabriel (Sao); Gol: Felipe Sussai 41 do 1º.
Juventus: Cauã França; Isaque Aparecido (Gustavo Aguiar), Pablo Vinícius, Gabriel Mafei (Arthur Moura) e Antônio da Fonte; Cristian, Rikelmi, Bazílio (Lucas Oliveira) e Lucas da Costa; Thiago (Wallace Ruan) e Gustavo Xavier (Léo Gomes). Técnico: Marcel Barbosa.
São Bernardo: Gabriel; Deivid, Pedro Batista, Luís Phelipe e Cristhian; Renan (Ribert), Róbson (Dener Vítor), Samuel e Caio Cunha (Gustavo Sousa); Felipe Sussai e Vítor Hugo (Fábio Henrique). Técnico: Jeferson Ferreira.
_____________