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terça-feira, 8 de novembro de 2016

São Caetano domina, perde gols e fica no zero com a Ferroviária

Texto e fotos: Fernando Martinez


A Copa Paulista chegou à sua fase semi-final com quatro times de respeito. De um lado, XV de Piracicaba e Rio Claro, do outro, São Caetano e Ferroviária, esse o duelo que acompanhei tarde/noite do sábado passado. O palco, como não poderia deixar de ser, foi o gelado (sim, gelado) Estádio Anacleto Campanella.

Esse encontro ganhou ares de "final antecipada" muito pois hoje os dois possuem as duas melhores campanhas da competição, cortesia dos dois triunfos do Azulão, ex-dono da terceira melhor campanha, contra o Bragantino nas quartas. Resta saber se o Nhô Quim ou o Galo Azul concordarão com essa afirmação na grande decisão.


Associação Desportiva São Caetano - São Caetano do Sul/SP


Ferroviária Futebol S/A - Araraquara/SP


O amigo árbitro Thiago Duarte Peixoto junto com os assistentes Danilo Ricardo Manis e Risser Jarussi Corrêa e os capitães dos times

Falando de história, esse foi o sétimo confronto entre os dois em todos os tempos e nunca o Azulão venceu o onze araraquarense. A história mostra uma vitória grená - 2x0 pela Série A2 do ano passado em jogo que teve cobertura do JP - e cinco empates. Há também um triunfo da Ferroviária pela Copa Estado de São Paulo de 2003, mas naquela oportunidade quem atuou oficialmente foi o "São Caetano B", logo, não entra na estatística.

O São Caetano apostava no fator casa e na sua ótima campanha ali - oito vitórias e um empate - para levar alguma vantagem para a Arena da Fonte. No primeiro tempo, um leve equilíbrio com as melhores chances a favor dos locais. A Ferroviária chegou poucas vezes dentro da área do Azulão.

O time do ABC criou três ou quatro boas oportunidades para abrir o marcador ainda no tempo inicial. A melhor delas numa cabeçada sensacional de Sandoval que tirou tinta da trave superior. O goleiro Matheus se esticou todo, sem conseguir porém encostar na pelota.


Ataque do São Caetano pela direita no comecinho do jogo contra a Ferroviária


Uma das poucas ofensivas araraquarenses em toda a partida


Grande cabeçada de Sandoval em bola que tirou tinta da trave


Outra chegada do Azulão pela lateral

E foi no tempo final que o Azulão foi mais perigoso e encurralou o time visitante. Assim como aconteceu no duelo de ida contra o Nacional, a Ferroviária não passou do meio de campo e viu o adversário abusar do direito de perder gols. Sério, deu raiva de ver.

Sem nenhum exagero, dava pro São Caetano ter chegado pelo menos aos 3x0 tamanha foi a pressão exercida pelo vice-campeão da Libertadores de 2002. Os grenás não viram a cor da bola e tomaram sufoco durante quase 50 minutos. Teve chance perdida em chute de longe, de perto, em cabeçada, em cobrança de falta e em escanteio... Um rol de gols jogados fora.

A maior delas saiu dos pés do jogador Ferreira. Eram decorridos 24 minutos quando ele, depois de um bate-rebate na área, teve o gol aberto à sua frente. Só que o chute encontrou um zagueiro da AFE no meio do caminho e a pelota saiu pela linha de fundo. E quando os locais não desperdiçavam, o goleiro Matheus mostrava serviço. Vimos pelo menos três grandes defesas do arqueiro.


No tempo final, só deu São Caetano


Grande chute e grande oportunidade desperdiçada pelos locais


Atacante tentando se desvencilhar da marcação grená

No final o jogo terminou como começou: São Caetano 0-0 Ferroviária. No confronto de volta do próximo sábado os times jogam por vitórias simples e caso a peleja termine novamente empatada, a decisão da vaga na final será decidida nos pênaltis. Caso o Azulão seja eliminado, os gols perdidos no ABC terão feito muita falta.

A partida foi boa, mas o que salvou de verdade a jornada foi o pós-jogo, com mais uma edição do clássico Dia do Gordo, esse voltando às origens. Poucas coisas na vida são melhores do que um balde de 12 tirinhas de frango no KFC. Como homenagem, para cada gol perdido pelo Azulão, uma tirinha consumida. Uma troca justa.

Até a próxima!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

JP na Olimpíada (parte 9): O primeiro post "esportivo" do Jogos Perdidos na história

Texto e fotos: Fernando Martinez

** Alerta de post fora da linha editorial **


Com ricos doze anos de história, o Jogos Perdidos agora orgulhosamente apresenta ao vivo a cores para todo o Brasil o primeiro post que não fala de futebol! Sim, você leu certo. Acredito que todos entenderão, já que é por uma causa muito nobre, os Jogos Olímpicos Rio-2016. Após acompanhar oito pelejas de futebol dos torneios masculino e feminino, fiz a minha estreia olímpica "de verdade" na belíssima Arena de Vôlei de Praia montada em Copacabana no domingo, dia 7 de agosto. Na pauta, quatro jogos e uma sessão esportiva que duraria até a madrugada.

Saí do Engenhão e não foi difícil ir até o famoso bairro da Zona Sul com o sistema de transporte (ainda bem) funcionando sem problemas. O único senão da ida foi que os quatro jogos viraram três. Como estava com o estômago nas costas por não ter comido nada durante todo o dia, não teve como ser diferente.

Como tem um Bob's a cada 100 metros no Rio de Janeiro, não sobrou outra opção a não ser bater aquela xepa marota ali mesmo. Não peguei filas, comi rapidinho e logo já estava na rua novamente. A magistral Arena foi chegando cada vez mais perto e como os jogos já haviam começado, foi moleza para entrar com a massa toda do lado de dentro, tirando o fato de até hoje ter areia no meu tênis, cortesia dos 700 metros andados nesse terreno até a entrada principal.

Bom, foi ali que entrei em definitivo no clima dos Jogos da XXXI Olimpíada da era moderna. Tudo estava sensacional, o astral, os jogos, o público, um clima incrível poucas vezes sentido nos meus bem vividos (!) 40 anos. Não foi igual à emoção da Copa do Mundo de 2014, mas chegou perto.


Visão geral da belíssima Arena de Vôlei de Praia em Copacabana


Nunca achei que publicaria uma foto de vôlei de praia no Jogos Perdidos. Então aí está, detalhe do confronto da dupla italiana Menegatti – Giombini contra as canadenses Broder – Valjas

Dentro da quadra assisti vitória canadense de Broder/Valjas no feminino e dois jogos do masculino: massacre russo de Krasilnikov/Semenov e uma sensacional vitória da dupla da Letônia Samoilovs/Smedins em cima dos canadenses Saxton/Schalk. Nesse jogo, grande parte da torcida já tinha ido embora pois o apito inicial rolou depois de uma da manhã. Quem ficou foi premiado e teve diversão a rodo, já que um dos jogadores era a cara do gênio Biro-Biro. Ele foi ovacionado e homenageado pelos presentes a cada batida na bola.

A noite terminou na base do cansaço completo e na segunda, 8 de agosto, a programação foi bem mais tranquila. Não fiz nada na parte da manhã e tarde a coisa ficou definitivamente séria quando entrei pela primeira vez no Parque Olímpico da Barra. Não tenho como descrever em palavras o que senti ao entrar naquele lugar.

Fiquei paralisado após passar a catraca e certamente demorei uns quinze minutos até dar os primeiros passos naquela mini-cidade. Após andar pra cima e pra baixo ali, fui, ainda sem palavras, até a Arena Carioca 1 para meu début na "Disneylândia dos Esportes", a melhor definição sobre o espaço aonde ficava o saudoso autódromo de Jacarepaguá.

O duelo entre as seleções masculinas de basquete de Sérvia e Austrália foi ótimo e contou com a presença de várias estrelas da NBA. O jogo foi de alto nível e muito acima da média, terminando com vitória australiana por 95 a 80. Detalhe: as duas repetiram o duelo na semi da competição e os sérvios deram o troco, se classificando para a decisão.


Minha primeira visão do Parque Olímpico da Barra, a "Disneylândia dos Esportes"


Entrada da Arena Carioca 1, palco do torneio de Basquete Masculino


Detalhe do confronto entre Sérvia e Austrália que teve vitória dos rapazes da terra dos cangurus

Saí da Arena e ainda fiquei um tempo zanzando pelo Parque até chegar a hora de bater perna novamente, dessa vez até o Riocentro. Já tinha ao local no Pan de 2007 e pouca coisa mudou. Na agenda, era a hora de ver de perto a final da categoria 62kg de levantamento de peso masculino, a minha primeira cerimônia de medalha nos Jogos.

Uma das coisas mais espetaculares desses grandes eventos é a mistura dos povos. Foi genial ver gente de país que só conhecemos pelo Mapa Mundi como Indonésia, Cazaquistão, Filipinas e Papua Nova Guiné (!). Nunca havia visto ninguém desses países e aposto que vou demorar para voltar a ver (isso se acontecer). 

Dá pra o pessoal deduzir de forma até que fácil que eu nunca havia assistido um evento de levantamento de peso na vida. Dito isso, minha primeira impressão foi a melhor possível. Não tem como você torcer contra nenhum dos atletas, tamanho o esforço que eles fazem e a enorme dedicação que demonstram no tablado. A tensão era enorme e no fim quem conquistou a medalha de ouro foi o colombiano Óscar Figueroa, a primeira do país sul-americano no Rio-2016. O atleta se despediu do esporte nessa noite, transformando sua comemoração num momento de arrepiar.



O colombiano Óscar Figueroa em ação e sua emocionada comemoração pela conquista do outro olímpico, emocionando a todos os presentes no Riocentro

A emoção de ver a primeira entrega de medalhas olímpicas foi incrível (dá pra perceber que numa Olimpíada quase tudo deixa a gente emocionado). Fechando o pódio, a prata foi para Eko Yuli da Indonésia e o bronze para Farkhad Kharki, vindo da terra do mito Borat Sagdiyev. Com esse momento maravilhoso, fechei meu dia olímpico com louvor. Tudo recomeçou na terça, dia 9 de agosto, logo na parte da manhã.

Retornei ao Parque da Barra muito cedo para uma rodada dupla no handebol masculino na belíssima Arena do Futuro (handebol aliás que foi a única coisa em que tive relativo sucesso esportivo em toda a minha vida, vale ressaltar). Iniciei os trabalhos com o duelo entre França e Catar, vencido pelos primeiros por 35 a 20. No jogo de fundo, confronto entre Alemanha e Polônia, duas das melhores seleções do planeta. O jogo foi espetacular e terminou com triunfo germânico por 32 a 29.

Nem bem saí dali e já era hora de retornar à Arena Carioca 1 para o segundo jogo do Brasil no basquete masculino. Depois de perder na estreia, o adversário seria a grande seleção da Espanha. Se algum amigo lembra o que aconteceu nessa partida deve se lembrar que foi nada mais que um dos momentos mais incríveis da categoria na Rio-2016.


Quem é do metiê sabe como é genial ver um joguinho de handebol. Aqui, Alemanha e Polônia em ação na Arena do Futuro


Arena Carioca 1 com um ótimo público para Brasil x Espanha no basquete masculino


Nenê com a bola naquela que foi a maior e mais emocionante vitória brasileira na competição (tudo bem, foram só duas, mas dá pra falar mesmo assim)

O jogo foi sofrido durante todos os 40 minutos e teve várias trocas de liderança. O Brasil sofreu, lutou e suou sangue para derrotar a forte seleção ibérica com uma cesta a poucos segundos do fim. Poucas vezes passei um nervoso tão grande in loco numa instalação esportiva. Pena que no fim nada adiantou, já que a campanha tupiniquim foi muito abaixo da média e culminou com a eliminação na fase de grupos.

Esse foi o último evento da minha primeira viagem ao Rio de Janeiro durante a Olimpíada (foram três no total). Na quarta-feira o futebol já voltou à pauta com mais uma rodada dupla na Arena Corinthians, agora pelo torneio de futebol masculino.

Até lá!