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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

JP na Copa (parte 9): Virada sul-americana na fria noite de Curitiba

Opa,

A terceira parte do meu roteiro montado para ver de perto a Copa do Mundo começou no dia 20 de junho, uma sexta-feira. Nesse dia vi meu único jogo na Arena da Baixada, o duelo americano entre Honduras e Equador, valendo pela segunda rodada do Grupo E.

Diferente do que aconteceu na fase 2, dessa vez o espaço entre as viagens estava mais tranquilo e não passei nenhum tipo de perrengue. Saí de Campinas junto com a sempre presente Van por volta do meio-dia e cheguei em Curitiba na boa, ainda com tempo de encontrar uma grande amiga no aeroporto local.

Pegamos um ônibus no Afonso Pena na companhia de simpáticos hondurenhos e chegamos no Shopping Estação para encontrarmos o trio Luiz, Victor e Renato, esse vestindo a fantasia de "Homem Honduras" ou "Gene Simmons da Alegria". Fizemos um almoço sensacional num restaurante local e fomos então deixar nossos pertences no apartamento de uma prima ali perto.


Ponto de ônibus decorado com motivos da Copa do Mundo. Foto: Fernando Martinez.

Após um rápido pit-stop, pegamos um coletivo e percorremos apenas quatro pontos até chegar nas redondezas da casa do Atlético/PR. A localização do estádio foi sem dúvida foi um dos pontos altos da sede da Arena da Baixada. De todas as sedes que visitei, essa foi a mais fácil de se acessar com um ônibus comum, algo raro no Mundial.


Fachada da Arena da Baixada em Honduras x Equador. Foto: Fernando Martinez.

Andamos três ou quatro quarteirões e voilà... Estávamos na grande praça que fica na frente da belíssima Arena. Já havia visitado o local uma vez num genial Atlético 0x4 Independiente Medellín pela Libertadores 2005 e o que já era legal ficou ainda melhor. Um toque peculiar dali é ver prédios e casas residenciais dividindo espaço com a enorme construção no mesmo quarteirão.


Telão do estádio mostrando o próprio estádio. Foto: Fernando Martinez.

As filas eram pequenos, entramos no estádio sem percalços e logo fomos para nossos lugares. Essa foi a primeira partida que acompanhei na Copa sem um time novo para incluir na Lista. Já tinha visto o Equador algumas vezes - uma delas no domingo anterior contra a Suíça em Brasília - e vi Honduras durante os Jogos Panamericanos de 2007, num confronto centro-americano contra a Costa Rica. Mesmo que faltasse algum motivo para me animar com o jogo (algo praticamente impossível em se tratando de Copa), isso teria sido dissipado completamente quando cheguei no meu lugar marcado.


Times perfilados para os hinos nacionais. Foto: Fernando Martinez.

Após ver tantos jogos longe do campo, finalmente estava numa cadeira próxima ao gramado. Vi toda a partida atrás do "gol da esquerda", exatamente na 11ª fileira. Um lugar muito, mas muito próximo da cancha. Já estou mais do que acostumado a ver pelejas de dentro do campo, mas ter a chance de ver pela primeira vez tão de perto um jogo de Copa foi absolutamente emocionante.


Equipes fazendo aquela velha "correte pra frente" antes do apito inicial. Foto: Fernando Martinez.

Vale registrar também que talvez esse tenha sido o jogo mais gelado de toda a competição. Os termômetros de Curitiba marcavam 12 graus na hora do apito inicial, e o fato da peleja ter começado à noite deixou o ambiente num clima perfeito.

Para melhorar todo o astral eletrizante, vimos um jogo muito bom e cheio de alternativas. Nas infindáveis listas de "melhores jogos da Copa" ninguém citou essa peleja. Uma injustiça, pois achei que valeria fácil um lugar no Top 10 da Copa do Brasil. Confesso que não estava esperando uma peleja tão legal e felizmente me enganei redondamente.


Disputa de bola na lateral. Foto: Fernando Martinez.

Após perder na estreia para a França, a seleção hondurenha fez uma apresentação muito mais segura e deu muito trabalho aos favoritos equatorianos. A primeira chance clara foi sul-americana nos pés de Enner Valencia, mas o gol não saiu.


Ataque equatoriano pelo alto. Foto: Fernando Martinez.

Aos 31 minutos o camisa 13 Costly acabou abrindo o marcador para Honduras. A zaga falhou e ele avançou pelo campo de defesa com estilo, chutando forte da entrada da área e marcando o primeiro gol hondurenho após cinco partidas em branco nos Mundiais (um jogo em 1982, três em 2010 e um em 2014).



Costly armando o chute e depois comemorando seu gol com um show de levitação no gramado da Arena da Baixada. Foto: Fernando Martinez.

Só que a festa durou pouco, pois três minutos depois o Equador empatou com Valencia. Antes do intervalo chegar, por pouco os hondurenhos não fizeram o segundo. Ao final dos frenéticos 45 minutos iniciais, o belo placar eletrônico da Arena da Baixada apontava 1x1.


Grande chance do time azul no tempo inicial. Foto: Fernando Martinez.


Visão geral da Arena da Baixada na fria noite de Curitiba. Foto: Fernando Martinez.

O clima de eletricidade total no estádio não diminuiu nem mesmo durante o intervalo. Quando o segundo tempo começou, as seleções mantiveram o ritmo e continuaram proporcionando um belo espetáculo para os pouco mais de 39 mil torcedores presentes, a maioria equatorianos.


Atletas do Equador combinando jogada ensaiada no tempo final. Foto: Fernando Martinez.


Beckeles, o camisa 21 de Honduras, chegando firme no adversário. Foto: Fernando Martinez.

O toma lá, dá cá continuou com oportunidades para os dois lados e o segundo gol era questão de tempo, só não sabíamos a favor de quem. Aos 20, quem acabou marcando foi novamente o Equador, novamente com o camisa 13 Enner Valencia. Ele completou de cabeça um cruzamento da esquerda e virou o placar.


Comemoração equatoriana pela virada na Arena. Foto: Fernando Martinez.


Marcador hondurenho observando atleta sul-americano dominar a pelota com estilo. Foto: Fernando Martinez.

Los Catrachos continuaram jogando bem até o último lance, mas não foram capazes de terem melhor sorte. No fim, o placar de Honduras 1-2 Equador praticamente eliminou o time azul da Copa. Restava aos equatorianos marcarem mais pontos do que a Suíça na rodada final. Como isso não aconteceu, os representantes americanos da chave acabaram sendo eliminados na fase inicial.

Como de praxe em todos os jogos que acompanhei, levei muito tempo para sair do estádio pois queria aproveitar cada segundo possível do clima da Copa. Fui encontrando aos poucos os amigos que estavam cada um num canto do estádio e notei, mesmo de longe, o avançando estado alcoólico do "Gene Simmons da Alegria" do outro lado da Arena. Entre nossa saída dali e a chegada no ponto de ônibus vivi momentos absolutamente surreais (e geniais) na presença do amigo "borracho".


Destaque do pós-jogo de Honduras x Equador, o "Gene Simmons da Alegria" Renato Rocha enfileirou momentos surreais, como roubar uma caixa de som da torcida equatoriana. Foto: Fernando Martinez.

Depois de cerca de uma hora da mais extrema surrealidade, me retirei de cena para dormir um pouco. Um pouco mesmo, já que nossa saída de Curitiba estava programada para as seis da matina. O destino agora seria passar rapidinho em São Paulo e voltar para Porto Alegre para dois dias de sossego na única vez em que curti um hotelzinho durante o Mundial.

Até lá!

Fernando

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